Regime especial de perdão de penas pode ser revogado em breve
23 de jun. de 2021, 14:00
— Lusa/AO Online
Questionada na
comissão parlamentar de direitos, liberdades e garantias, Francisca Van
Dunem revelou que, neste momento, estão totalmente vacinados contra o
novo coronavírus 33,9% dos reclusos e 72,1% dos trabalhadores dos
estabelecimentos prisionais.Mas,
perante as criticas de vários deputados, do PSD e do CDS, sobre a
continuação da vigência da lei, retorquiu que essa questão está “na mão
do parlamento”, entendendo, contudo, que “neste momento ainda não há
segurança”.
“Julgo que a breve prazo teremos a situação estabilizada e estamos a
tentar perceber quando poderemos dar por terminado este regime
extraordinário de perdão de penas”, afirmou a ministra, respondendo a
interpelações do PSD, CDS e do PS sobre o tema que “de 20 de janeiro a
15 de junho foram vacinadas 10.073 pessoas, sendo que 4.780 já têm a
segunda dose”.
Contudo, e apesar de admitir que o regime poderá cessar em breve, a
ministra considerou que ainda é necessário “avançar um bocadinho mais”
na vacinação da população prisional para a situação ficar totalmente
estabilizada.A
governante insistiu que o regime excecional “não tem ligação com o
quadro de emergência pandémico, mas com o perigo real”, frisando que o
pais está numa fase de refluxo em termos de contágio.O
deputado Fernando Negrão do PSD foi o primeiro a abordar a questão do
regime especial de perdão de penas, lembrando que este, segundo o
Governo, beneficiaria 2.246 reclusos, mas que “já vai em mais de 2.800”
questionando se “um regime especial não devia ter curta vida”.
Telmo Correia do CDS criticou a continuação da vigência do sistema de
perdão de penas, dizendo que este “foi feito para uma situação
excecional que não é a atual” e que o partido apresentou na terça-feira
no parlamento um projeto para o revogar.Em
resposta, Van Dunem afirmou que “os regimes especiais devem ter a vida
suficiente para responder às necessidades para os quais foram criados” e
que “a norma prevê a sua cessação quando a situação pandémica estiver
estabilizada”, não tendo um prazo definido.Na
sua intervenção inicial perante os deputados, a ministra fez uma
pequena resenha sobre a Estratégia Nacional de Combate à Corrupção
(ENCC), que será debatida na sexta-feira, sublinhando, mais uma vez, que
esta tem uma função especialmente preventiva.
Abordou também o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) que, na área
da justiça, realçou, prevê a aplicação de 280 milhões de euros para a
transição digital que abrangerá tribunais e outros serviços,
nomeadamente na área da investigação criminal e forense.