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Região reúne potencialidades para se tornar uma Blue Zone

O arquipélago dos Açores reúne a grande maioria dos princípios necessários para se tornar uma Blue Zone, um local onde a população apresenta uma longevidade excecional


Autor: Arthur Melo

Os Açores reúne alguns dos princípios essenciais para aspirar tornar-se numa Blue Zone, defendeu ontem Céline Vadam, fundadora e CEO da empresa de consultadoria de bem-estar WE(i) Think, na conferência “Rumo às Blue Zones: Como a Transformação Digital Promove a Longevidade”, organizada pelo Instituto de Inovação Tecnológica dos Açores (INOVA) no auditório da Escola de Novas Tecnologias dos Açores (ENTA), em Ponta Delgada. 

As Blue Zones correspondem a locais onde a população apresenta uma longevidade excecional, com maior qualidade de vida e menor incidência de doenças crónicas.
Okinawa (Japão), Sardenha (Itália), Nicoya (Costa Rica), Icária (Grécia) e Loma Linda (Califórnia, Estados Unidos da América) são as cinco “Blue Zones” que existem no mundo, podendo uma sexta vir a surgir em breve, em Singapura. 

O meio ambiente, a agricultura - muita dela biológica -, o forte espírito de comunidade e a qualidade de vida existente na Região são alguns dos princípios basilares das Blue Zones, como afirmou Céline Vadam. 

“Os Açores dispõem de uma natureza maravilhosa, e embora este não seja um requisito, o meio ambiente é um argumento muito forte em todas as localizações das cinco Blue Zones no mundo. Para além disso, nos Açores existe um sentimento muito forte de comunidade, o que constituiu um princípio muito forte para se atingir o espírito adequado para a longevidade. Ter a mentalidade adequada e um forte espírito comunitário é fundamental. Estes dois importantes princípios existem nos Açores, para não falar do estilo de vida despreocupado com que se vive nestas ilhas. Este aspeto faz parte da mentalidade, assim como a maravilhosa gastronomia açoriana, feita com produtos locais de elevada qualidade, temos o chá dos Açores, o maracujá, a banana... O que não faltam à Região são recursos locais que podem ajudar os Açores a tornar-se numa maravilhosa Blue Zone”, declarou a conferencista ao Açoriano Oriental. 

De acordo com Céline Vadam os princípios das Blue Zones são Mover (mover-se naturalmente), Mentalidade Certa (propósito e desacelerar), Comer com Sabedoria (regra dos 80%, predisposição vegetal e ‘Vinho às 5’ [o sã convívio ao final da tarde ]) e Conetar (pertencer, entes queridos em primeiro lugar, tribo certa) e tudo isso é facilmente vislumbrado nas cinco Blue Zones do mundo, quase sempre associadas - ou adequadas - às culturas locais. 

Para os Açores, o desafio agora é exatamente este: potenciar os vastos recursos locais e os princípios já identificados na Região, no sentido de se caminhar para que o arquipélago possa vir a tornar-se em uma Blue Zones. 

A conferência, que termina hoje no auditório da ENTA, procura contribuir para que a discussão possa começar a ser feita pelas entidades responsáveis - e necessárias - em promover a longevidade da população da Região que, dizem os últimos dados, é a mais envelhecida do país e com a menor esperança de vida à nascença (78 anos). Esta é, pelo menos, a convicção de Teresa Ferreira, presidente da direção do INOVA. 

“Este é um desafio que a Região tem e o papel do INOVA foi apontar um caminho, que é um caminho inovador com base num projeto que já teve provas dadas de sucesso em termos internacionais, que foi a Blue Zones. O que quisemos alertar foi que o problema existe e para além de um problema é uma oportunidade e a forma como podemos contribuir para resolver este problema passa por, também, trazer cá, metodologias e protocolos que estão a ser utilizadas em outras regiões do mundo que têm os mesmos problemas que nós e com resultados garantidos. Se trouxermos e replicarmos esta metodologia à Região, se calhar também vamos ficar elegíveis para a conquista dos resultados que são provados em outras partes do mundo”, vincou a responsável pelo INOVA.