Região possui recursos para “fazer mais” no setor da Saúde
25 de jul. de 2023, 16:45
— Lusa
O líder do BE/Açores, António Lima, considerou
hoje que a região possui recursos para “fazer mais” no setor da saúde e
criticou a gestão pública dos últimos três anos de governo de direita
(PSD/CDS-PP/PPM).
Numa conferência de
imprensa em Ponta Delgada, António Lima disse que “há recursos, nem
sempre suficientes para se ter a saúde que se gostaria, mas são
adequados para conseguir fazer mais e melhor”.Afirmando
que existe um orçamento regional e que há sempre o dilema “de se
canalizar mais ou menos recursos para o Serviço Regional de Saúde
(SRS)”, o bloquista defendeu que a questão passa “naturalmente também
pela gestão”.Questionado sobre o problema
estrutural do setor da Saúde nos Açores e a eventual necessidade de o
Estado proceder a um saneamento financeiro do SRS, António Lima referiu
que, “se houver um Governo da República que efetivamente considere que
há que apoiar as regiões autónomas numa determinada situação mais
crítica em termos financeiros, não vejo por que isso não possa ser posto
em cima da mesa”.No entanto, considerou que não se pode “gerir uma região a pensar nisso”.No
diagnóstico feito ao SRS, António Lima considerou que se “conheceu
recentemente que o subfinanciamento continua com este governo e em
força”, quando o seu presidente e o titular da pasta da Saúde anunciaram
que este iria terminar.O dirigente do
BE/Açores exemplificou que os três hospitais públicos tiveram um
prejuízo de 27 milhões de euros em 2022 e, no primeiro semestre de 2023,
“os prejuízos já atingiram 11,8 milhões”.De
acordo com o parlamentar, os resultados do SRS “só podem ser
consequência de um financiamento muito insuficiente ou de má gestão, ou
ambas”. António Lima referiu que a
produção cirúrgica “é feita cada vez mais” por “equipas fora do horário
normal de trabalho, que são pagas à parte, são mais caras e constituem
por isso um ‘outsorcing’ da atividade clínica do SRS”.Citando
dados oficiais do boletim do Sistema Integrado de Gestão de Inscritos
para Cirurgia nos Açores (SIGICA), o dirigente do Bloco declarou que
“hoje há mais 1.100 açorianos em lista de espera cirúrgica do que havia
em 2019”, sendo que as consultas presenciais no Hospital do Divino
Espírito Santo, em Ponta Delgada, sofreram uma redução de quatro mil em
2022 quando comparado com 2019.António
Lima recordou que apresentou há cerca de um ano, no parlamento regional,
uma proposta para incentivos à fixação de médicos nos Açores, o que a
maioria parlamentar recusou para “agora reconhecer que o sistema é mau”.“Temos um SRS com os mesmos problemas que em 2020. Entretanto perderam-se três anos”, referiu o dirigente do BE/Açores.O
dirigente bloquista referiu que - no capítulo da pretensão de revisão
da Lei de Finanças das Regiões Autónomas, por parte do Governo dos
Açores, por forma a acautelar os custos acrescidos com a Saúde no
arquipélago - "está à espera para ver como é que se concretiza essa
ideia”.“Se é a solução que a Madeira já
apresentou em termos de projeto de resolução na Assembleia Legislativa,
temos sérias dúvidas que sirva os Açores”, disse.