Refugiados denunciam abandono em águas turcas por autoridades gregas
Migrações
14 de jan. de 2022, 17:08
— Lusa/AO Online
Entre os deportados estavam 17
menores, incluindo bebés, que foram localizados cerca de 36 horas
depois, num bote insuflável sem motor, a 200 quilómetros ao sul da ilha,
onde foram resgatados e levados para a província turca de Izmir.Os
refugiados explicaram à organização humanitária Aegean Boat Report que a
guarda costeira grega os “sequestrou” em Lesbos, tendo confiscado os
seus telemóveis, dinheiro e todos os objetos de valor, além dos seus
agasalhos.O grupo desembarcou na tarde de
09 de janeiro ao sul do acampamento de Tsonia, na costa nordeste de
Lesbos, e no dia seguinte decidiu mudar-se para a cidade vizinha para
obter ajuda de organizações humanitárias.A
Aegean Boat Report entrou em contacto com as autoridades gregas para
informar que o grupo de 25 pessoas queria pedir asilo à Grécia e
precisava de proteção internacional, mas não recebeu nenhuma resposta,
adiantaram os refugiados.Poucas horas
depois, vários homens vestidos de preto, armados e com máscaras de esqui
na cara aproximaram-se do grupo de afegãos numa carrinha e mandaram-nos
parar apontando-lhes uma pistola e disparando tiros de dissuasão para o
ar, de acordo com o relato.O grupo foi
então obrigado a entrar numa carrinha, que o transportou para um cais,
onde 10 a 15 homens mascarados esperavam, tendo colocado os refugiados
numa lancha que os levou a um barco maior no meio do mar.“Colocaram-nos
no convés, sob uma lona de plástico branca, para que ninguém nos visse,
e disseram-nos que nos iam levar para Atenas”, explicou um dos
refugiados ao Aegean Boat Report.Depois de
mais de sete horas a navegar, o barco parou, no meio da noite, e os
refugiados foram forçados violentamente a entrar em botes salva-vidas
sem motor, onde ficaram à deriva até as 23:15 do dia 10 de janeiro,
quando finalmente foram resgatados pela guarda costeira turca.Esta
não é a primeira vez que organizações humanitárias que operam no mar
Egeu denunciam práticas semelhantes de devoluções forçadas de refugiados
pelas autoridades gregas para travar a chegada de migrantes, prática
que o Governo nega categoricamente, garantindo que tudo o que faz para
proteger fronteiras marítimas é legal.No
final de dezembro, a guarda costeira turca resgatou 102 refugiados,
perto das costas ocidentais de Izmir e Aydin, em barcos que foram,
alegadamente, empurrados para as águas daquele país por agentes gregos.