Banca
Reformados dizem que transferência dos fundos de pensões é um "golpe"
A União de Reformados e Pensionistas da Banca duvida da garantia do Governo de pagar 14 pensões anuais aos pensionistas dos fundos de pensões transferidos para o Estado e considera esta operação um “golpe de seis mil milhões de euros”.

Autor: Lusa/AO online
“As garantias de pagamento integral das pensões valem aquilo em que cada um quiser acreditar, nesta conjuntura de sucessivos pacotes e orçamentos de austeridade”, disse em comunicado a União de Reformados e Pensionistas da Banca (UBR), que considera que a transferência dos fundos de pensões dos bancos privados para o regime geral da Segurança Social foi um “golpe” organizado pelo Governo e pelos bancos.

“Não se trata de uma transferência nem para a Segurança Social nem para lado nenhum. O Governo vai contabilizar o valor dos Fundos como receita para assim reduzir o défice de 2011 e devolver os seis mil milhões aos bancos em pagamento de dívidas. Ou seja, os fundos de pensões dos bancários reformados são apropriados pelo Governo e imediatamente gastos”, considera a UBR.

Quanto à garantia do Governo de manutenção do pagamento de 14 meses anuais, ainda que o Orçamento do Estado para o próximo ano - ainda por promulgar pelo Presidente da República - suspenda o pagamento total ou parcial dos subsídios de férias e Natal aos funcionários da Administração Pública e aos pensionistas com vencimentos ou pensões acima de 600 euros, a UBR duvida que o Executivo cumpra a sua palavra.

A associação critica mesmo a posição dos Sindicatos dos Bancários do Sul e Ilhas, Centro e Norte (da UGT) por considerar que “deram a sua aprovação ao golpe” ao assinar o acordo tripartido com bancos e Governo, ao mesmo tempo que se “pronunciaram contra o decreto-lei” que estabelece as condições de transferência dos fundos de pensões.

Quanto aos bancos cujos fundos de pensões passam para o Estado, a União de Reformados e Pensionistas da Banca considera que este acordo só lhes traz vantagens, pois “ficam livres das suas responsabilidades para com os reformados” ao mesmo tempo que “cobram parte da dívida pública e ainda vão obter grandes vantagens fiscais”.

A transferência dos fundos de pensões da banca, anunciada pelo Governo em Agosto e concluída este mês, permite ao Estado encaixar no imediato cerca de seis mil milhões de euros e assim cumprir a meta de défice orçamental de 5,9 por cento este ano.

O primeiro-ministro afirmou a 14 de Dezembro que o Governo espera que o défice de 2011 "não fique acima de 4,5 por cento ", mas adiantou que sem as receitas extraordinárias dos fundos de pensões da banca ficaria perto de oito por cento.