Reforço de polícias para os Açores deixa sindicato insatisfeito
12 de out. de 2023, 05:52
— Paulo Faustino
Os Açores vão receber 20 novos agentes da Polícia de Segurança Pública
(PSP) este ano, um número que o Sindicato Independente dos Agentes de
Polícia (SIAP) considera ficar muito aquém do que a Região precisa e até
bastante aquém daquilo que costumavam a ser os reforços - na casa dos
50 anualmente - desta força de segurança.Se o reforço de meia
centena de polícias por ano para a Região já era insuficiente para fazer
face às necessidades, agora o é ainda mais, já que a PSP acrescentou
uma valência às suas funções, que é substituir o Serviço de Estrangeiros
e Fronteiras (SEF) - extinto oficialmente no final deste mês - no
controlo das fronteiras aéreas. Do anunciado reforço de 20 agentes
policiais, 10 deverão ter essa incumbência no aeroporto de Ponta
Delgada. Prevê-se que os restantes possam ser destacados na futura
esquadra do Corvo (7) e em esquadras de ilhas mais pequenas, sabendo-se
também que há que acautelar o controlo fronteiriço nos aeroportos da
Terceira e do Faial. Bruno Domingues, do SIAP, está preocupado com a
situação que se traduz numa enorme sobrecarga de trabalho para os
elementos da PSP nos Açores, enfatizando que são apenas 20 polícias a
mais quando “já estamos a trabalhar no mínimo” e com agentes de rua
desviados para serviços administrativos. “Só para Ponta Delgada
esses vinte não dá”, afirma o sindicalista, que chama a atenção que
“efetivamente na rua não existem polícias”.A Região dispõe
atualmente de mais de 700 agentes da PSP e as suas necessidades
coadunem-se com um reforço entre 150 e 200. Estes elementos são
responsáveis, entre outras tarefas, pela realização de patrulhamentos,
policiamento de proximidade, gestão de armas e explosivos, segurança
privada, segurança aeroportuária e cinotécnica. Um conjunto de valências
aos quais se junta agora o controlo das fronteiras aéreas. “Temos
aqui um número enorme de valências que precisa ser ocupado e quando não
há o reforço diretamente para esses núcleos, vão buscar a quem? Às
esquadras. E as esquadras têm de fechar, estão a trabalhar abaixo do
mínimo já”, sustenta.Bruno Domingues faz notar que os Açores “são
nove ilhas e cada ilha tem que ter alguém para assegurar a investigação
criminal e tem que ter uma esquadra de trânsito. Tem que haver uma
esquadra para cada área geográfica. O problema do arquipélago é esse:
está disperso numa área geográfica muito grande e precisa de duplicação
ou triplicação do esforço”.A todos esses problemas acresce o da
falta de atratividade da profissão, impondo-se a criação de condições,
por parte da tutela, para cativar os jovens a ingressar na carreira
policial. “É o que os sindicatos já falam há mais de 15 ou 20 anos. Há
falta de atratividade para a função e a tutela não se preocupa com isso e
nada faz para que isso seja alterado”, diz.Os novos 20 agentes policiais terão que estar colocados em esquadras dos Açores até à próxima segunda-feira.