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Banca
Reforço da regulação vai acabar com sistema financeiro 'sombra'
O sistema bancário “sombra” vai desaparecer com o reforço da regulação que resultará desta crise, afirmou esta quarta-feira o Governador do Banco de Portugal (BdP), explicando que deixará de haver produtos sem qualquer tipo de regulação.

Autor: Lusa/AO Online

“Mesmo os ´hedged funds´ vão ter algum tipo de regulação”, garantiu Vítor Constâncio, referindo-se a um dos tipos de produtos financeiros complexos para frisar que haverá uma “redefinição do perímetro regulado das instituições financeiras”.

“O sistema bancário sombra vai desaparecer” com as medidas que estão as ser estudadas a nível mundial, prevê o Governador do BdP, que falava na conferência do Diário Económico sobre a banca e mercados de capitais.

As agências de “rating” e os auditores “são um problema” porque não há nenhuma entidade de supervisão que faça ela própria a certificação de contas e confia, portanto, no trabalhos destas instituições, sustentou ainda Constâncio, sublinhando uma análise que também já António de Sousa, antigo Governador do banco central, tinha feito na abertura do Fórum.

“Os auditores têm falhado, e muito, ultimamente e também em Portugal”, uma matéria da qual Vítor Constâncio considera que “não se tem falado muito”, defendendo que deverá haver uma “melhor monitorização” do trabalho destas entidades.

A regulação, disse, não pode permitir que se assista de novo a “esta expansão desenfreada” do sistema financeiro, “não tem que ser intrusiva mas tem de pôr limites”.

Haverá menos alavancagem, a titularização volta mas com produtos mais simples e “menos inovação financeira” e também regulação da gestão de liquidez, uma matéria que em Portugal já tinha alguma regulação, que foi revista como lembrou, mas havia Estados sem qualquer tipo de regulação.

Constâncio advoga que "a supervisão não falhou, o que falhou, a nível global, foi a desregulação" que existiu nos ultimos anos.

Já António de Sousa defendeu que haja sobretudo "melhor regulação" e que a crise não empurre para "escessos de regulamentação".

Alvaro Dâmaso, antigo presidente de outro regulador, a CMVM, distinguiu o sistema bancário sombra e o sistema financeiro e bancário tradicional, para depois afirmar que os responsáveis por estas crise foram o sistema financeiro, os Estados e os particulares, além de outros agentes.

Foram eles, disse, com o "deslumbramento pela abundância e o querer crescer sempre mais", além do "excesso de criatividade" e não a supervisão ou a regulamentação, os verdadeiros responsáveis pela crise.