Autor: Lusa/AO Online
“Claro que é uma preocupação. Foram duas tragédias em pouco mais de 12 dias. É difícil, lamento muito o que aconteceu e endereço os meus sentimentos a ambas as famílias”, disse à agência Lusa a autarca Cidália Pavão.
Um jovem de 21 anos, residente em São Miguel, morreu na terça-feira afogado na Lagoa das Sete Cidades, após ter entrado na água à procura de uma bola.
No dia 14 de agosto, um homem de 57 anos, também residente em São Miguel, desapareceu no mesmo local, quando navegava numa embarcação vulgarmente designada por “gaivota” e decidiu mergulhar.
A presidente da Junta de Freguesia das Sete Cidades, que na terça-feira falou por telefone com o secretário regional do Ambiente e Ação Climática, Alonso Miguel, adiantou que vão ser colocadas placas sinaléticas no local, a alertar para os perigos da lagoa.
“E é o que nós estamos a fazer [no imediato]. E, depois, no próximo verão, hão de fazer-se algumas ações de sensibilização, mas as pessoas têm conhecimento que não se deve nadar nestas lagoas”, afirmou a autarca.
Cidália Pavão acrescentou que está decido colocar placas sinalizadoras no local porque as autoridades não podem “fazer mais nada”: “A gente não pode dizer às pessoas ‘não vás’, porque […] à partida, não sendo uma lagoa ou uma zona balnear vigiada, acho que se devia já ter este sentido de responsabilidade”.
Ainda de acordo com a presidente da Junta de Freguesia, após o regresso de férias do governante, haverá uma reunião e na mesa serão colocadas “várias situações” que também incluem a possibilidade de ser instalada uma equipa de vigilância no local.
Segundo o Plano de Ordenamento da Bacia Hidrográfica da Lagoa das Sete Cidades, “a área de recreio balnear - praia, devidamente delimitada e sinalizada, deve ser a única localização onde é permitida a prática de natação e banhos”.
A autarca referiu que qualquer uma das empresas que têm equipamentos náuticos na lagoa “avisa as pessoas que não devem nadar, porque é esse o contrato que existe entre a Direção Regional do Ambiente e as empresas”.
No entanto, admitiu que, por vezes, quer os utilizadores dos caiaques, quer das ‘gaivotas’, não têm sentido de responsabilidade, tiram os coletes salva-vidas e nadam em qualquer local.
“Isso acontece muitas vezes. Claro que as empresas não têm qualquer tipo de responsabilidade, porque não estão ao pé das pessoas que saem com as ‘gaivotas’ ou com os caiaques”, observou.
Apesar de terem ocorrido duas mortes por afogamento num curto espaço de tempo na Lagoa das Setes Cidades, a presidente da Junta de Freguesia admite que a imagem deste local icónico da ilha de São Miguel não ficará afetada.
“Eu sou nascida e crescida nas Sete Cidades e sempre ouvi dizer que as lagoas são perigosas. Há imensa gente que adora molhar os pés. Se a gente fizer as coisas com moderação e responsabilidade, pertinho da margem, se calhar, até pode não acontecer nada”, admitiu.
Na mesma zona onde morreu na terça-feira o jovem de 21 anos, também se afogaram, há alguns anos, um pai e uma filha que residiam em São Miguel, recordou.