Redução do IVA nos bens essenciais teria "benefícios imediatos para as famílias"
20 de jan. de 2023, 11:36
— Lusa/AO Online
Em entrevista à
agência Lusa, cerca de dois meses depois de ter assumido a coordenação
da Estratégia Nacional de Combate à Pobreza (ENCP) 2021-2030, Sandra
Araújo entende que o combate à pobreza não se faz apenas com
transferências diretas de dinheiro, mas admitiu que uma medida como a
que o Governo espanhol implementou, em que eliminou o IVA dos alimentos
básicos, teria “muitas vantagens”.“Não sei
se o Governo vai ou não ponderar tomar essa medida em Portugal, mas
acho que haveria naturalmente benefícios imediatos para todas as
famílias portuguesas e não só para aquelas para quem esta estratégia se
dirige mais em particular”, destaca.Sublinha
que a ENCP tem “um foco muito particular naqueles que já estão em
situação de pobreza”, em particular quem está de forma continuada,
apontando que estão também previstas “ações de natureza preventiva” para
impedir ou evitar que famílias que não estão em situação de pobreza
possam vir a estar.“Essa medida [de
redução do IVA] seria, sem dúvida, bastante mais generosa e iria ser
transversal a toda a sociedade portuguesa”, defende.Lembra,
por outro lado, que está inscrito na Estratégia um compromisso de
aumento do salário mínimo nacional que até 2026 chegará aos 900 euros e
destacou que desde 2015 já subiu cerca de 40%.Referiu
igualmente a atualização de 8,4% do Indexante dos Apoios Sociais (IAS),
com reflexo em todas as prestações sociais, o que, na sua opinião,
demonstra “uma sensibilidade importante deste Governo” com as famílias
mais vulneráveis e com a “adequação das medidas de proteção social”.Questionada
sobre uma possível revisão do Rendimento Social de Inserção (RSI), como
medida de combate à pobreza extrema, Sandra Araújo recorda que está
prevista na Estratégia, reforçando a componente monetária, mas também
promovendo a inclusão social dos beneficiários.“Existe
esta preocupação de reafirmação do RSI como uma medida capaz de
assegurar consistência num conjunto de medidas sociais que estão
atualmente disponíveis de apoio às famílias mais vulneráveis”, afirma,
acrescentando esperar vir a ter “alguma capacidade de intervenção”.Defende
que a componente de inclusão social “é muitíssimo importante” para a
integração plena das pessoas mais vulneráveis na sociedade, apontando
que seria necessário aumentar os recursos humanos afetos a esta
dimensão.