Redes para vítimas de violência doméstica e de tráfico de pessoas sem financiamento "há meses"
10 de jul. de 2024, 12:12
— Lusa/AO Online
Margarida
Balseiro Lopes está a ser ouvida na comissão parlamentar de Assuntos
Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias onde defendeu que “a
prioridade deste Governo em matéria de igualdade é a prevenção e o
combate a todas as formas de violência contra as mulheres, em particular
a violência doméstica”.Revelou que nos
primeiros três meses de 2024, as forças policiais registaram 6.879 casos
de violência doméstica, uma média de cerca de 2.300 ocorrências em cada
mês, descrevendo a violência doméstica como “uma das formas mais graves
de violação dos direitos humanos”.A
ministra disse que “para enfrentar esta realidade preocupante”, o
Governo irá implementar políticas de combate à violência doméstica e
outras formas de violência contra mulheres, mas também “adotar medidas
preventivas mais robustas”.Aproveitou para
dar conta aos deputados do que recebeu do anterior Executivo, revelando
que, quando assumiu funções, o “Governo foi surpreendido com uma série
de problemas que não constavam da pasta de transição”.“Fomos
confrontados com falta de financiamento, com atrasos das entidades da
rede nacional de apoio a vítimas de violência doméstica e da rede de
apoio e proteção a vítimas de tráfico”, denunciou Margarida Balseiro
Lopes.Acrescentou que só a 20 de abril,
“duas semanas depois da tomada de posse, é que o Governo se apercebeu da
dimensão da fragilidade e (dos problemas) na estabilidade financeira
que estas duas redes atravessavam”, acrescentou.Segundo
a ministra, as entidades que gerem as várias estruturas de atendimento e
de emergências “estavam sem financiamento comunitário há longos meses”.“Recebemos
relatos alarmantes de entidades que enfrentavam dificuldades
financeiras sérias, impossibilitando-as de responder às necessidades
mais básicas de pessoas em situação de grande vulnerabilidade, incluindo
crianças”, revelou a governante.Margarida
Balseiro Lopes disse que desde que iniciou funções tem procurado
regularizar as dívidas com estas entidades, nomeadamente com o “reforço
do adiantamento das candidaturas aprovadas do Pessoas2030 e do
Algarve2030, de 10% para 35%”.Na opinião
da ministra, há, no entanto, um problema estrutural porque estas
respostas “não podem estar dependentes de fundos comunitários e de
receitas de jogos sociais”, que é o que acontece atualmente.A
governante disse ter sido também surpreendida “ao descobrir uma dívida
superior a um milhão de euros à Cruz Vermelha portuguesa relativa aos
serviços de teleassistência e transporte prestados em 2022 e 2023”,
adiantando estar a trabalhar para resolver o problema “nas próximas
semanas”, uma vez que “a estrutura de financiamento para a
teleassistência tem-se revelado insuficiente para cobrir os custos
crescentes”.“Para solucionar este
problema, e garantir maior estabilidade a este setor a partir de 2025, o
financiamento das medidas de teleassistência será integralmente
suportado pelo orçamento do Ministério da Justiça, ou seja, através do
Orçamento do Estado, como sempre devia ter sido”, anunciou.