Rede Anti-Pobreza contra a ideia de que ninguém quer "aturar os velhos"
29 de set. de 2017, 17:32
— Lusa/AO online
A propósito do Dia
Internacional da Pessoa Idosa, que se assinala no domingo, a Rede (EAPN
na sigla em inglês) celebra a data com propostas para um envelhecimento
positivo, saídas de encontros sobre o tema feitos de fevereiro a junho
em nove distritos. Os participantes, segundo um comunicado da
EAPN hoje divulgado, defenderam a necessidade de se assegurar aos idosos
um rendimento adequado e acesso a serviços de qualidade, nomeadamente
saúde, habitação e educação. Como é importante também que os
idosos estabeleçam relações com outras pessoas de fora do espaço
familiar, especialmente jovens (solidariedade intergeracional), e que
tenham cuidados personalizados e individualizados por parte das
instituições de acolhimento, ainda que estas devam ser o último recurso. Aliás
a associação defende que se deve envelhecer em casa, e que o apoio que o
Estado dá às instituições deve ser dado à família, para cuidar dos seus
idosos. "Honestidade, dignidade, igualdade, respeito, são
valores e princípios centrais à promoção de um envelhecimento positivo",
defende a EAPN, que admite haver um sentimento negativo associado à
palavra "velho", como alguém que ninguém quer "aturar" e que muitas
vezes é vítima de violência. A Associação Portuguesa de Apoio à
Vítima (APAV) também se associa à efeméride, criada pelas Nações Unidas
em 1991 (para sensibilizar para as questões do envelhecimento e
necessidade de proteger e cuidar dessa população), salientando em
comunicado os fenómenos de crime e violência associados a pessoas
idosas. "A violência contra as pessoas idosas constitui um
problema social, de segurança e de saúde pública", considera a APAV,
lembrando que de 2013 a 2016 houve um aumento de 34% de processos de
pessoas idosas. A APAV apoiou no ano passado 1.261 pessoas idosas, uma
média de 24 pessoas por semana. Através destes apoios a APAV
"verificou que existe um insuficiente conhecimento do tema por parte das
vítimas, familiares e prestadores de cuidados, bem como uma
insuficiente informação e capacitação dos profissionais para intervirem
nestas situações", diz-se no comunicado. Em dados divulgados em
junho a APAV indicava já o aumento da percentagem de crimes contra
idosos, sendo as mulheres as principais vítimas. Quase 40% dos
agressores eram os próprios filhos. Quase 700 milhões de pessoas
no mundo têm mais de 60 anos, devendo ser 2.000 milhões em 2050, 20% da
população mundial, segundo as Nações Unidas. A percentagem de idosos
duplicará em 50 anos, passado dos 11% da população do ano 2000 para os
22% nessa data. Na comemoração da data deste ano, a ONU salienta a
necessidade de possibilitar e aumentar a contribuição dos idosos nas
suas famílias, comunidades e sociedades, através de formas efetivas que
garantam a sua participação. Segundo dados da Organização Mundial
de Saúde, entre 2000 e 2050 a quantidade de pessoas com mais de 80 anos
aumentará quase quatro vezes, chegando a 395 milhões. A
organização das Nações Unidas salienta também que nos países
desenvolvidos entre 04% e 06% dos idosos já sofreram alguma forma de
violência em casa. E diz que nos países em desenvolvimento a
quantidade de idosos que não são autossuficientes vai ser quatro vezes
superior em 2050.