Recurso de João Rendeiro vai dar entrada na próxima semana
BPP
23 de dez. de 2021, 17:18
— Lusa/AO Online
“O recurso será apresentado
na próxima semana”, afirmou a advogada June Marks, a propósito da
decisão - tomada no passado dia 17 pelo juiz sul-africano Rajesh
Parshotam - de manter João Rendeiro detido enquanto Portugal prepara o
envio para a África do Sul do processo de extradição.O
recurso, que tinha 14 dias para ser apresentado pela defesa do
ex-banqueiro, será dirigido ao Tribunal Superior [High Court, na
designação sul-africana]. A hierarquia judiciária sul-africana inclui
ainda, acima do Tribunal Superior, outras duas instâncias: o Supremo
Tribunal de Recurso (Supreme Court of Appeal, SCA) e o Tribunal
Constitucional (Constitutional Court, ConCourt) - a mais alta instância
no país.João Rendeiro está em prisão
preventiva em Westville, depois de ter passado as primeiras noites após a
sua detenção, em 11 de dezembro, numa esquadra da polícia a poucos
quilómetros do hotel Forest Manor Boutique Guesthouse, no qual foi
detido. Questionado sobre o estado do antigo líder do Banco Privado
Português, June Marks afirmou que João Rendeiro “parece estar bem”.A
primeira sessão sobre o processo de extradição do ex-banqueiro ficou
marcada na agenda do tribunal de Verulam para 10 de janeiro, uma data
independente dos prazos processuais, nomeadamente, o prazo de 18 dias
para a submissão do pedido de extradição. Este prazo pode estender-se
até um máximo de 40 dias se Portugal apresentar razões atendíveis.João
Rendeiro estava fugido à justiça há três meses e as autoridades
portuguesas reclamam agora a sua extradição para cumprir pena em
Portugal. Sobre o antigo presidente do BPP recaem três mandados de
detenção internacional, sendo que a Procuradoria-Geral da República está
a trabalhar na formalização do pedido de extradição.O
ex-banqueiro foi condenado em três processos distintos relacionados com
o colapso do BPP, tendo o tribunal dado como provado que retirou do
banco 13,61 milhões de euros. Das três condenações, apenas uma já
transitou em julgado e não admite mais recursos, com João Rendeiro a ter
de cumprir uma pena de prisão efetiva de cinco anos e oito meses.O colapso do BPP, em 2010, lesou milhares de clientes e causou perdas de centenas de milhões de euros ao Estado.