Recuperação do tráfego está nos 50% mas nova variante pode fazer rever previsões
Covid-19
2 de dez. de 2021, 18:46
— LUSA/AO Online
"Em termos globais da ANA, a recuperação anda
entre os 40-50% em relação a 2019, cerca de metade do tráfego. Esta
recuperação é assimétrica e acontece a diferentes velocidades", afirmou o administrador Francisco Pita no 46.º Congresso Nacional da
Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), que
decorre em Aveiro.O responsável explicou, contudo, que na rede de dez aeroportos que gerem têm uma "diversidade de comportamentos". Por
exemplo, "os aeroportos dos Açores e da Madeira, por uma questão de
tráfego doméstico, com um nível de controlo da pandemia muito grande e,
portanto, com um menor impacto na receção de tráfego internacional,
(contam) com recuperações mais rápidas", disse, acreditando que
"possivelmente vão fechar o ano com recuperações perto dos 60-65%".Depois,
acrescentou, há aeroportos "como Lisboa ou como o Porto", onde há "uma
grande percentagem de tráfego VFR (‘visiting friends and relatives’,
visita a amigos e familiares)", que segundo o
responsável, "é extremamente resiliente". Portanto, "também consegue o
Porto ter uma recuperação bastante grande", explica."Temos
Lisboa depois que, fruto da quantidade de tráfego intercontinental que
tem – da proporção do tráfego 'corporate' [de negócios], está a
recuperar mais devagar. E temos o Algarve, onde temos uma combinação do
lazer, que recupera muito rápido, mas depois dos temas da dependência do
mercado do Reino Unido e de todos os sobressaltos que houve em termos
da pandemia com o Reino Unido, levou, de facto, a flutuações muito
grandes", disse.Factos que sustentam, então, as "diferentes velocidades" na retoma do tráfego aéreo. Em
novembro na Madeira, por exemplo, o tráfego "foi praticamente igual" ao
mês homólogo de 2019. "Praticamente não houve diferença. A diferença
foi mínima", disse Francisco Pita."O
aeroporto de Faro, onde temos o tema do lazer, a recuperação andou nos
80%. Houve bastante golfe, houve férias de maio-junho que passaram para
outubro-novembro, houve aqui este efeito de princípio de verão passado
para o outono e isso contribuiu para este tipo de comportamentos",
disse. Facto é que Francisco Pita diz que na ANA foram "muito conservadores" quando fizeram as últimas previsões. "Não
arriscámos e estamos a ser surpreendidos pela positiva. Mas também
fizemos estas previsões antes desta nova variante. Já sei que amanhã
[sexta-feira] quando chegar ao escritório vou ter uma surpresa porque
vou ver as reservas a caírem e as companhias a cancelarem e
possivelmente vamos ter que rever", acrescentou.O
administrador da ANA diz que a pandemia de Covid-19 veio ensinar que a
"procura recupera muito rapidamente", mas que "com todos estes fatores
há uma volatilidade enorme". "De um dia
para o outro, a pessoa acorda de manhã e o comportamento é completamente
diferente. Mas que de facto a procura, com exceção do 'corporate',
recupera mais rápido do que aquilo que esperávamos inicialmente, é
verdade", afirmou.Questionado se prevê
constrangimentos face às novas medidas anunciadas pelo Governo,
Francisco Pita disse que a ANA está "a fazer tudo para que não haja
problemas". "Foi complexo preparar esta
operação, vamos ter que controlar todos os passageiros que chegam aos
aeroportos nacionais e isso é pesado. É uma operação logística
complicada. Obriga a preparar áreas, equipas, a ter recursos humanos
para fazer esse controlo. Temos trabalhado com o Governo e com as várias
entidades para conseguir fazer tudo isto minimizando o impacto para os
passageiros", concluiu.O 46.º Congresso Nacional da APAVT tem como tema o "Reencontro" e termina na sexta-feira.