Autor: Lusa/AO Online
Catorze vezes campeão na ‘catedral’ da terra batida, o maiorquino de 37 anos, que nunca tinha caído antes da terceira ronda em Paris, perdeu diante do quarto tenista mundial por 6-3, 7-6 (7-5) e 6-3.
No regresso a Roland Garros, depois de ter falhado a última edição por lesão, Nadal, que ainda procura a sua melhor forma após ter enfrentado vários problemas físicos nos últimos meses, foi afastado pelo vigente campeão olímpico de singulares em três horas e cinco minutos, podendo ter disputado pela última vez o ‘major’ parisiense.
“Quero dizer que é incrível a quantidade de energia [do público]. É difícil para mim falar. Não sei se será a última vez que estou aqui, diante de vocês, honestamente. Não estou 100% seguro. Mas se foi a última vez, desfrutei. O público foi fantástico durante toda a minha preparação e, hoje, os sentimentos que sinto são difíceis de traduzir em palavras. Para mim, é muito especial sentir o carinho das pessoas da forma que senti, no sítio que mais amei”, declarou ainda em 'court' o vencedor de 22 Grand Slams.
O antigo número um mundial, que entrou no quadro principal do 'major' parisiense graças ao ranking protegido – ocupa atualmente o 275.º posto da hierarquia mundial -, só por duas vezes tinha sido eliminado tão precocemente no quadro principal de um Grand Slam, nomeadamente em Wimbledon2013 e na edição de 2016 do Open da Austrália.
“Tenho passado dois anos muito difíceis ao nível das lesões. Passei por todo este processo com o sonho de voltar a estar aqui em Roland Garros. A primeira ronda não foi a ideal. Fui competitivo, tive as minhas oportunidades, mas foi insuficiente diante de um grande jogador como o Sasha [Zverev]”, assumiu.
Perante o olhar atento do filho, mas também de Iga Swiatek, a número um mundial, e do compatriota Carlos Alcaraz, dois fãs ‘confessos’, Nadal elogiou o adversário de hoje e recordou a meia-final de 2022, quando o alemão se lesionou com gravidade.
“Tenho de congratular o Sasha por esta grande vitória. […] Desejo-te a maior sorte para o resto do torneio. Sei que 2022 foi um momento superdifícil para ti, por isso mereces mais”, vincou, referindo-se ao quarto cabeça de série, que pareceu até ‘atrapalhado’ por ter derrotado o ‘rei’ do pó de tijolo – festejou comedidamente e passou rapidamente a palavra ao derrotado.
Sem ter certezas quanto ao futuro, ‘Rafa’ disse querer regressar à ‘catedral’ da terra batida nos Jogos Olímpicos Paris2024.
“Há uma grande percentagem [de hipóteses] de que não regressarei a Roland Garros, mas não o posso dizer com segurança. Adorei jogar aqui, viajar com a família. O corpo está incrivelmente melhor do que há dois meses. Talvez daqui a dois meses diga ‘basta, não posso dar nada mais’, mas é algo que ainda não sinto. Ainda tenho alguns objetivos. Espero regressar a este court nos Olímpicos, isso motiva-me”, confessou.
Os Jogos Olímpicos Paris2024 realizam-se entre 26 de julho e 11 de agosto, com o torneio de ténis a decorrer no complexo do Bois de Boulogne, palco do segundo Grand Slam da temporada.
“A
quantidade de emoções que senti neste court, na minha carreira, é
inacreditável. Em criança, nunca poderia imaginar que estaria aqui com
quase 28 anos… 38 anos – adoraria que fossem 28 anos [risos]. Foi um
processo muito bonito”, admitiu, antes de lançar ao ruidoso público:
"Espero ver-vos outra vez, mas não sei".