Reconstrução de Gaza vai custar cerca de 45 mil milhões de euros - ONU
Médio Oriente
8 de out. de 2025, 18:36
— Lusa/AO Online
Em declarações à margem de uma iniciativa da Comissão Europeia, em Bruxelas, Jorge Moreira da Silva, diretor executivo do Gabinete da ONU para Projetos e Serviços (UNOPS, na sigla em inglês) disse que “80% das infraestruturas [de Gaza] estão destruídas, 94% das escolas, grandes parte dos hospitais, mais de 80% das casas”.“Em termos práticos, estamos a falar de uma necessidade na ordem dos 52 mil milhões de dólares [cerca de 45 mil milhões de euros] para a reconstrução de Gaza”, completou, considerando que vai ser “um grande esforço” e a “comunidade internacional vai ter de se mobilizar”.No entanto, antes da reconstrução vai ser necessário remover cerca de “50 milhões de toneladas de escombros que estão em Gaza”, disse.“Sem essa remoção é impossível avançar para a reabilitação e a reabilitação pressupõe desde água, saneamento, eletricidade e, depois sim, a reconstrução”, acrescentou.Praticamente todas as infraestruturas na Faixa de Gaza estão destruídas.Questionado sobre se Israel deve pagar reparações à população palestiniana pela destruição do enclave nos últimos dois anos, Jorge Moreira da Silva escusou comentar e afirmou que as Nações Unidas estão preparadas para entrar no terreno com apoio para os cidadãos de Gaza assim que houver um acordo para um cessar-fogo.“Sei que pode parecer uma miragem e quem nos está a ouvir pode achar que é uma utopia estar a falar da reconstrução de Gaza numa altura em que 66.000 pessoas foram mortas - 20.000 crianças -, mas a verdade é que vai ser absolutamente imprescindível, logos nos primeiros dias, assim que se consiga um cessar-fogo […] avançar com toda a ajuda humanitária”, comentou.A intervenção da ONU, incluindo da UNOPS, está a ser impossibilitada pelo bloqueio israelita, que impede a entrada de comida, medicamentos e combustível em Gaza.Sobre se o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, deve um pedido de desculpas às Nações Unidas, que criticou a organização mundial ter apelado para um cessar-fogo e por ter denunciado a existência de evidências de que a “operação militar”, como é definida por Israel, configura um genocídio, Jorge Moreira da Silva disse que “o sentimento de impunidade é evidente que é uma das coisas mais perturbadoras na diplomacia nos dias de hoje”.