Em entrevista ao Açoriano Oriental, Ilda Silva, subdiretora da Livraria Letras Lavadas, explica que “a ideia não é apenas oferecer um presente no Natal, mas que seja algo que as crianças e jovens possam usufruir ao longo de todo o ano”.

“Que o livro possa ser um sítio onde a imaginação saia um pouco da realidade, que às vezes não é assim tão boa. Que eles possam aventurar-se e sentir o aconchego de um livro”, prosseguiu.

Nesta campanha solidária, a Letras Lavadas convida “as pessoas a partilhar os livros que tenham em casa, em bom estado, que já leram e que não vão voltar a ler e que possam doar”.

A subdiretora da Letras Lavadas realça que a instituição acolhe “desde bebés até jovens com 20 e tal anos”, pelo que “tudo o que é dentro desta faixa etária - infantil, infantojuvenil, jovem adulto -, é bem-vindo”.

Aos interessados em contribuir para a iniciativa, as doações de livros podem ser entregues na Livraria Letras Lavadas, no largo da Matriz, bem como na imobiliária EXP Realty, situada na Rua da Misericórdia, em Ponta Delgada, até ao dia 4 de janeiro de 2025.

Ilda Silva elucida que a EXP Realty associou-se à Livraria Letras Lavadas nesta campanha solidária, com o propósito de “doar material à instituição, para criarmos uma pequena biblioteca”.

“Queremos proporcionar bons momentos às crianças e jovens institucionalizados”, salienta Ilda Silva.

Questionada sobre se as pessoas estão a aderir à campanha, indica que são ainda “poucos” os livros recolhidos. “Estamos a ver se aparecem mais livros. Já tivemos doações de alguns clientes nossos e de pessoas que têm ouvido falar sobre a campanha, mas estamos a ver se corre ainda melhor”, aponta Ilda Silva, para quem “um livro é extremamente importante em qualquer faixa etária”.

A subdiretora da Livraria Letras Lavadas revela, ainda, que a iniciativa surgiu a partir do Pão por Deus: “Queríamos transmitir às crianças o que era o Pão por Deus e ao fazer uma pesquisa, apareceu a palavra partilhar, que é a base. E então surgiu, nessa altura, a ideia desta campanha”.

Ao Açoriano Oriental, fonte da Mãe de Deus, afirma que “os livros são importantes para toda a gente e não especificamente para as crianças que estão acolhidas”. No entanto, admite que neste caso em particular têm uma relevância acrescida, uma vez que “estas crianças e jovens vêm de famílias e contextos disfuncionais”, onde o livro “não está presente”.

“Quando chegam aqui, sentimos que existe um desfasamento e um atraso no acesso a determinados bens” a começar, desde logo, pelos “bens essenciais”, como “a alimentação e a higiene, então um livro ainda mais”, elucida.

“Ter acesso a isto que para muitos de nós é fácil de aceder e faz parte do quotidiano, para estas crianças não é de todo”, realça, acrescentando que “é, sem dúvida, uma mais-valia para estas crianças ter acesso à leitura e ao manusear o livro”.

Segundo a mesma fonte, “os livros são uma forma de entrarmos num mundo imaginário, de criarmos novas histórias e o mundo imaginário para as crianças é muito importante”.