Recapitalização da CGD sobe défice de 0,9% para 3%, divulgou o INE
26 de mar. de 2018, 10:17
— Lusa/AO online
O défice orçamental de 2017 ficou nos 3%
do Produto Interno Bruto (PIB), incluindo a recapitalização da Caixa
Geral de Depósitos (CGD), mas teria sido de quase 1% sem esta operação,
divulgou hoje o INE.Segundo
a primeira notificação de 2018 relativa ao Procedimento por Défices
Excessivos, remetida hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE)
ao Eurostat, o défice das Administrações Públicas atingiu 5.709,4
milhões de euros, o que correspondeu a 3% do PIB, acima do saldo
negativo de 2% registado em 2016."Este
resultado inclui o impacto da operação de recapitalização da Caixa
Geral de Depósitos (CGD), no montante de 3.944 milhões de euros, que
determinou um agravamento da necessidade de financiamento das
Administrações Públicas em 2% do PIB", afirma o INE.
Já considerando
duas casas decimais, o défice das Administrações Públicas foi 2,96% em
2017 e o impacto da recapitalização da CGD foi 2,04%. "Em consequência,
excluindo este impacto, a necessidade de financiamento das
Administrações Públicas cifrou-se em 0,92% do PIB", explica o INE. Este
valor fica abaixo das estimativas mais recentes do Governo, que
apontavam para um défice de 1,1% do PIB no conjunto do ano passado, bem
como do Conselho de Finanças Públicas (CFP) e da Unidade Técnica de
Apoio Orçamental (UTAO), que previam um défice de 1%.Segundo
o INE, a receita total das Administrações Públicas aumentou 3,9%, cerca
de 3.100 milhões de euros em 2017 face a 2016, tendo como "principal
contributo" a melhoria da receita corrente.A
receita corrente aumentou 4,1% em 2017, "impulsionada pelo aumento das
suas componentes com maior peso relativo: os impostos sobre a produção e
a importação cresceram 6,1%, de onde se destaca a evolução do Imposto
sobre o Valor Acrescentado (IVA), as contribuições sociais aumentaram
5,1% e os impostos correntes sobre o rendimento e património aumentaram
3,3%".A
receita de capital diminuiu 7,8% "devido à redução das outras
transferências de capital (variação de -52,5%, ou menos 229 milhões de
euros), apesar do aumento das ajudas ao investimento recebidas da União
Europeia (variação de 46,25%, em mais 156 milhões de euros)", explica o
INE.Esta queda
face a 2016 reflete, segundo o INE, a devolução pelo Fundo Europeu de
Estabilização Financeira das 'prepaid margins' retidas aquando do
desembolso do empréstimo ao abrigo do Programa de Assistência Económica e
Financeira (no montante de 302 milhões de euros).Já
a despesa total das Administrações Públicas registou um aumento de 6,2%
entre 2016 e 2017, para o que contribuiu principalmente o incremento de
135,7% da despesa de capital, que inclui o impacto da operação
extraordinária de recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD). Sem
o impacto da referida recapitalização, o aumento da despesa total teria
sido de 1,5%."A
despesa de capital, líquida da referida operação extraordinária,
apresentou uma variação positiva de 24,7%, impulsionada pelo aumento de
22,5% (em cerca de 629 milhões de euros) do investimento (formação bruta
de capital)", afirma o INE.Já
a despesa corrente apresentou um aumento de 0,5% entre 2016 e 2017, em
resultado do efeito combinado do aumento das remunerações dos empregados
e das prestações sociais, exceto transferências sociais em espécie, em
1,9% e 1,4%, respetivamente, no seguimento do fim das reduções
remuneratórias e de uma diminuição de 3,7% nos encargos com juros (no
montante de 286 milhões de euros)."Estas
variações, incluindo a despesa associada à operação de recapitalização
da CGD, levaram a uma diminuição do peso relativo da despesa corrente no
total da despesa das Administrações Públicas, de 95,7% em 2016, para
90,5% em 2017", acrescenta o INE.Já
no que diz respeito ao saldo primário, que exclui os encargos e juros
com a dívida pública, houve uma diminuição de 2.330 milhões de euros
face a 2016, apresentando um excedente de 1.766 milhões de euros.