Radioamadores dos Açores apelam a alteração na legislação
6 de out. de 2025, 10:06
— Lusa/AO Online
“A legislação que está
em vigor não faz sentido para a nossa realidade atual. É uma legislação
muito má. Estamos a tentar que se façam alterações. E há muita abertura
dos jovens para fazerem parte desta atividade”, disse o secretário da
Associação de Radioamadores dos Açores (ARA), Bruno Farias, em
declarações à agência Lusa.O responsável referiu que a legislação implementada "chegou desajustada", numa altura em que já existiam telemóveis e internet. “Hoje,
não faz sentido manter tantas limitações para um hobby que salva
vidas”, sustentou, recordando que antigamente o radioamadorismo servia
até para as comunicações do dia-a-dia entre familiares, quando não
existiam telemóveis. O representante
explicou que atualmente o acesso à atividade é condicionado por um
sistema de três categorias, sendo a primeira categoria "muito
limitante", porque o radioamador "tem de estar sempre sob supervisão de
outro radioamador".“Antigamente fazia-se exame de radioamador e já se podia operar de seguida”, acrescentou.O responsável manifestou esperança de que haja abertura para alterar o atual quadro legislativo "o quanto antes"."São precisos mais jovens. A legislação precisa de acompanhar os tempos", defendeu.Apesar
das limitações, Bruno Farias garantiu que há muito interesse por parte
das camadas mais jovens, destacando que a ARA está envolvida em diversas
iniciativas.Dentro de duas semanas, por
exemplo, em São Miguel, os radioamadores vão participar num Jamboree com
agrupamentos de escuteiros, onde demonstrarão "as comunicações com o
mundo inteiro"."É um hobby que salva
vidas", sublinhou o dirigente, radioamador desde 1996, realçando que
sempre foi muito ligado às tecnologias numa altura em que as chamadas
eram muito caras."Os radioamadores
conseguiam falar para qualquer parte do mundo de graça praticamente e a
qualquer hora do dia. E esta atividade sempre me fascinou", acrescentou,
recordando que também o avô foi radioamador.O
radioamadorismo tem várias vertentes e não serve apenas para
estabelecer comunicações: "Criam-se amizades, fazem-se viagens e
concursos.”A ARA está também envolvida na
organização de concursos internacionais. No final de outubro, um grupo
de radioamadores desloca-se à ilha de Santa Maria para participar num
concurso internacional de 48 horas em que tentarão contactar operadores
"do mundo inteiro", em parceria com a Associação de Radioamadores
Mariense.O evento, que decorre anualmente
em diferentes ilhas dos Açores, já levou radioamadores a operar a partir
da Graciosa, em março, onde obtiveram pela primeira vez o primeiro
lugar mundial. Para o ano será realizado na Terceira, ficando só a
faltar a ilha do Corvo.