Radar meteorológico da ilha Terceira deverá ser instalado ainda este ano
6 de jun. de 2019, 16:12
— Lusa/AO Online
“É preciso não esquecer que os Açores
precisam de três radares e que o radar das Flores – que é muitas vezes
pouco discutido – é um elemento fundamental da rede, porque a maioria
das tempestades mais gravosas que atingem as ilhas viriam a ser
primeiramente detetadas no radar das Flores”, adiantou o presidente do
IPMA, Jorge Miranda, em declarações aos jornalistas, à margem do I
Congresso Internacional de Proteção Civil dos Açores, que decorre em
Angra do Heroísmo até sexta-feira.A Força
Aérea norte-americana detinha o único radar meteorológico existente nos
Açores, situado na serra de Santa Bárbara, na ilha Terceira, mas decidiu
desativá-lo, em 2016, na sequência de um processo de redução militar na
base das Lajes, localizada na mesma ilha.No
final de 2017, a Força Aérea norte-americana cedeu a torre do radar ao
IPMA e o Governo Regional dos Açores arrendou ao instituto um terreno,
onde estava previsto ser instalado o novo radar, na serra de Santa
Bárbara, ponto mais alto da ilha, durante 2018.Segundo
Jorge Moreira, o concurso para o radar da ilha Terceira, orçado em 1,9
milhões de euros, “está adjudicado”, mas “ainda há uns passos nas
Finanças” a seguir.“Penso que francamente
este ano é o ano de Santa Bárbara, espero que para o ano seja o ano de
São Miguel e só depois a seguir é que é o ano das Flores”, salientou.Quanto
ao radar a instalar na ilha de São Miguel, o presidente do IPMA disse
que “há vários problemas técnicos ainda para resolver, não sobre o
radar, mas sobre a localização”. Jorge
Moreira reiterou ainda o “pedido veemente” para que o Governo garanta
financiamento para a instalação de um terceiro radar na ilha das Flores,
o ponto mais ocidental da Europa.“O sistema de radares tem tido uma vida muito aventurosa, mas que irá para a frente, porque nós somos muito teimosos”, ironizou.As
alterações climáticas, sobre as quais o presidente do IPMA foi
convidado a falar no congresso, vêm reforçar a necessidade de mais meios
de observação meteorológica nos Açores.“Os
modelos fazem muitas contas, são muito importantes, mas têm de ser
corrigidos pelas observações, quando nós estamos a falar de
acontecimentos extremos que acontecem por exemplo dentro de uma a duas
horas. Isso tem de ser uma informação que os sistemas regionais de
proteção civil têm de poder ter quase imediatamente”, justificou.A
partir do próximo ano, o IPMA deverá aumentar progressivamente o número
de estações meteorológicas nos Açores, de dois para seis em cada ilha, e
deverá colocar os primeiros sensores de deteção de descargas elétricas
na região, mas Jorge Moreira sublinhou a importância dos radares.“É
muito diferente 300 milímetros de chuva ocorrerem em cima da ilha ou
cinco quilómetros a norte da ilha e às vezes o modelo não tem essa
capacidade. Só um radar é que é capaz de dizer: vai ser exatamente
aqui”, frisou.