Quota global de pesca de atum patudo mantém-se inalterada em 2023
23 de nov. de 2022, 17:26
— Lusa/AO Online
“Infelizmente
não foi possível chegar a consenso sobre o TAC [totais admissíveis de
captura] a adotar para o atum patudo, pelo que em reunião plenária ficou
decidido o ‘rollover’ [prorrogação] das medidas de 2022, com o TAC para
2023 de 62.000 toneladas”, lê-se numa nota divulgada pela
Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos
(DGRM) com os resultados da 23.ª Reunião Especial Anual da Comissão
Internacional para a Conservação dos Tunídeos do Atlântico (ICCAT), que
decorreu dos passados dias 14 a 21 no Algarve.Já
no que se refere ao TAC do atum patudo para 2024 e anos futuros, “será
definido nas reuniões intercalares, já agendadas para este painel, que
decorrerão em março e junho de 2023, de acordo com o aconselhamento
científico para este ‘stock’”, acrescenta.Segundo
a DGRM, o atum patudo assume um “interesse estratégico para as frotas
artesanais de salto e vara da Região Autónoma da Madeira e da Região
Autónoma dos Açores”, pretendendo as propostas em discussão na reunião
“uma alteração significativa da atual Recomendação, tendo em conta o
parecer do Comité Científico da ICCAT que apresentou uma melhoria deste
‘stock’”.No passado dia 14, à margem da
sessão inaugural da reunião da ICCAT, a ministra da Agricultura e da
Alimentação, que tutela o setor das pescas, tinha admitido que a quota
global (de todos os países) do atum patudo podia “vir a aumentar”,
avançando estar em discussão uma subida para as 75.000 toneladas:
“Ficamos todos satisfeitos se chegarmos às 70.000 toneladas”, disse
Maria do Céu Antunes.Relativamente ao atum
rabilho, a DGRM diz que na reunião “foi adotada uma Avaliação da
Estratégia de Gestão (MSE), tendo ficado estabelecido um TAC de 40.570
toneladas e uma quota para a UE [União Europeia] de 21.503 toneladas”.Sobre
esta espécie, a ministra da Agricultura tinha referido, na sessão
inaugural da reunião da ICCAT, que se iria discutir “uma nova regra de
gestão tendo em atenção a maior estabilidade, nomeadamente a longo
prazo”, podendo também haver um aumento da quota, atualmente nas 36.000
toneladas, para as 40.000 toneladas.Já
quanto ao espadarte do Atlântico, foi deliberado que o ‘stock’ Norte
(SWO-N) terá para 2023 o mesmo TAC de 2022 – 13.200 toneladas. Quanto
ao ‘stock’ Sul (SWO-S), “que se encontra sobrepescado e sujeito a
sobrepesca, o TAC teve uma redução de 30% ficando nas 10.000 toneladas, o
que dará uma quota para a UE de 4.824 toneladas”, lê-se na nota
divulgada pela DGRM.“Contudo – acrescenta -
a Comissão, por forma a responder à preocupação dos Estados-membros por
este decréscimo, considerou não haver necessidade de mexer na chave de
alocação, devido à frota da União manter o nível destas capturas
reduzidas, pelo que Portugal irá manter a mesma quota de 2022”.Ainda
aprovada na reunião foi a adoção da Proposta da União Europeia – “a
qual foi elogiada por todas as partes contratantes da ICCAT” - para
aplicação a dois anos, 2023 e 2024, de um Plano de Reconstrução para o
Tubarão Anequim do Atlântico Sul, capturado acessoriamente nas pescarias
efetuadas no Atlântico Sul.Em outubro,
durante o Conselho de Agricultura e Pescas da União Europeia, que se
realizou no Luxemburgo, Portugal defendeu medidas para aumentar a
captura de atum patudo, atum rabilho e espadarte do Atlântico Norte.A
União Europeia fixa limites anuais de capturas para a maioria das
espécies de peixe comerciais, sendo esses limites também designados por
TAC ou possibilidades de pesca. Cada TAC é repartido pelos
Estados‑membros por meio de quotas nacionais, sendo cada um deles
responsável por garantir que as suas quotas não são excedidas.A
ICCAT é uma organização que regulamenta cerca de 30 espécies de
tunídeos e afins, em todas as águas do Oceano Atlântico, incluindo os
mares adjacentes, tendo na reunião deste ano merecido particular atenção
os atuns tropicais, nomeadamente o atum patudo.Nesta
23.ª reunião, que decorreu em Vale do Lobo, no Algarve, participaram
presencialmente 400 delegados de 43 Partes Contratantes (PC), entidades
com o estatuto de cooperantes e Organizações Não Governamentais.A
UE contou com uma delegação que incluía representantes das
Administrações, do setor e Organizações Não Governamentais, com o
estatuto de observadores.