Quercus critica “acordo nebuloso” e pouca ação dos Estados
COP26
15 de nov. de 2021, 13:01
— Lusa/AO Online
“A redução drástica e urgente
das emissões de gases com efeito de estufa (GEE) continua a ser uma
premência até 2030”, alertou a organização não governamental (ONG) de
ambiente e lamentou que não se tenha assumido o abandono da utilização
do carvão e o fim dos apoios e isenções concedidos às empresas de
combustíveis fósseis.Na mira das críticas
da associação nacional de conservação da natureza estão algumas nações,
nomeadamente Índia, China, Arábia Saudita e Estados Unidos da América,
ao defender que estes países foram responsáveis pela “abordagem
suavizada” na definição de metas, traduzindo apenas “piedosas intenções
que resolvem muito pouco ou quase nada” para o compromisso final
assinado no sábado.“O aumento do
financiamento à transição energética dos países mais vulneráveis ficou
sensivelmente na mesma meta incumprida anteriormente, uma vez que não
foi atingido o objetivo de financiar a adaptação climática dos países em
desenvolvimento em 100 mil milhões de dólares anuais. Continua ainda
por definir a compensação aos países pelas perdas originadas pelas
alterações climáticas”, denunciou.Num
comunicado enviado às redações, a Quercus mostrou-se ainda insatisfeita
pela reintrodução de 300 licenças de emissão no mercado do carbono,
lembrando que já tinham sido “abandonadas após o Protocolo de Quioto”,
ratificado em 1999, e que “o Acordo de Paris já nem sequer as previa”,
em 2015.Em termos positivos, a ONG
destacou os acordos setoriais na área das emissões de metano, da
reflorestação e de incentivo a energias limpas nos veículos, apesar de
não deixar de considerar que são “manifestamente insuficientes” para a
limitação do aquecimento global em 1,5 graus Celsius até ao final do
século.Sem deixar de sinalizar que o
número de participantes na cimeira revela uma “preocupação relativa às
alterações climáticas (…) como nunca tinha sido anteriormente obtida”, a
Quercus espera que seja aproveitada a “fresta” aberta na COP26 para
reforçar a luta contra as alterações climáticas e que a pressão social
contribua para corrigir alguns aspetos na cimeira de 2022, em
Sharm-el-Sheik, no Egito.Já sobre
Portugal, a Quercus elogiou “a reafirmação das energias renováveis como
resposta à crise climática” e a recusa pela “falsa opção nuclear”,
considerando ainda necessária uma “maior vontade política em acelerar a
descarbonização dos diversos setores da economia” portuguesa.A
26.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre
Alterações Climáticas (COP26) adotou formalmente, no sábado, uma
declaração final com uma alteração de última hora proposta pela Índia
que suaviza o apelo ao fim do uso de carvão.A
alteração foi proposta pelo ministro do Ambiente indiano, Bhupender
Yadav, que no plenário de encerramento da COP26 pediu para mudar a
formulação de um parágrafo em que se defendia o fim progressivo do uso
de carvão para produção de energia sem medidas de redução de emissões.A
proposta acabou por ser aprovada pelo presidente da cimeira, Alok
Sharma, que afirmou de voz embargada "lamentar profundamente a forma com
este processo decorreu".O documento final
aprovado, que ficará conhecido como Pacto Climático de Glasgow,
preserva a ambição do Acordo de Paris, alcançado em 2015, de conter o
aumento da temperatura global em 1,5ºC (graus celsius) acima dos níveis
médios da era pré-industrial.O
secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, comentou o acordo
alcançado em Glasgow alertando que apesar de "passos em frente que são
bem vindos, a catástrofe climática continua a bater à porta".