Queixas sobre praxes passaram de 20 em 2016 para menos de cinco
23 de jan. de 2019, 17:54
— Lusa/AO Online
“Sabemos
que é um combate que tem de ser diário, contínuo e consecutivo”, disse
Manuel Heitor perante os deputados da comissão de Educação e Ciência, na
sequência de um requerimento do Bloco de Esquerda.Para
o partido trata-se de uma prática “medievalesca”, que encerra em si “um
pacto de silêncio” sobre uma “violência estrutural” que as próprias
instituições de ensino têm dificuldade ou “falta de vontade” em
combater.No
final da audição, o ministro reconheceu que o sistema de queixas tem “um
âmbito muito reduzido” porque há “muita inibição em fazer queixas”.No
entanto, considerou positivos os resultados da criação de um movimento,
com mais de 290 atividades nos últimos dois anos, em todas as
instituições de ensino superior para receber e integrar alunos, com base
na tolerância e no respeito mútuos.“O
importante é não só termos reduzido as queixas, mas termos
homogeneizado outras práticas”, sublinhou o governante em declarações à
agência Lusa no final da audição.Depois
de questionado pelos deputados sobre a atual situação, o ministro
declarou: “Não nos deve deixar sossegados, a guerra contra a humilhação
tem de ser continua, estamos hoje contentes com o que foi feito, mas não
estamos sossegados porque é uma mensagem que deve continuar”.O
deputado Luís Monteiro, do Bloco de Esquerda, frisou durante o período
de intervenções que há ainda “um caminho grande a fazer no que toca às
praxes violentas”.Manuel
Heitor defendeu que há uma consciencialização, mas que o problema não
deve sair da agenda e manifestou-se contrário a proibições: “Fui educado
no pós-maio de 68. Lá em casa havia um quadro que dizia ‘é proibido
proibir’”.O ministro defendeu que devem ser promovidas cada vez mais ações no ensino secundário.O
PSD demarcou-se de atos de violência, que condenou, mas defendeu “as
tradições” como a praxe e questionou o ministro sobre as verbas
envolvidas nas ações dirigidas a integração de alunos, ao que Manuel
Heitor respondeu que deve haver ainda um maior investimento.
“Se tem dúvidas vá lá, eu fui a várias sessões. Se temos algo a
criticar é a falta de mais atividades destas, precisamos de mais”, disse
para a deputada social-democrata Nilza de Sena. A
deputada do PS Elza Pais sustentou que há conjunto de atos na praxe
cometidos “na maior violação dos direitos humanos” e que ninguém de se
torna cidadão pleno com atos de subjugação.O
CDS-PP, através da deputada Ana Rita Bessa, defendeu que não deve ser o
governo a definir uma política de gosto. “Não somo contra rituais de
integração”, disse a deputada, defendendo práticas integradoras, que não
degradantes e humilhantes.Para
o PCP, o que está em causa não é tradição académica, mas sim “incluir
violência no contexto da praxe”, pelo que solicitou dados sobre
eventuais situações de crime que tenham sido identificadas.