Queixas contra autarquias aumentaram 345% neste mandato
8 de set. de 2021, 08:45
— Lusa/AO Online
Lisboa, Porto,
Sintra, Oeiras, Vila Nova de Gaia, Loures, Seixal, Cascais, Almada e
Matosinhos são os 10 municípios que registaram maior número de queixas
durante o mandato autárquico 2017/2021, revela o documento.
Segundo o estudo, ambiente, infraestruturas, licenciamento e serviços
foram os principais motivos de reclamações e insatisfação dos munícipes
no mandato que está prestes a terminar.Das
dez autarquias que estão no topo das reclamações, sete pertencem à Área
Metropolitana de Lisboa (AML) e três à do Porto (AMP), sendo que Lisboa
lidera o número de queixas (1.543). Seguem-se Porto (414), Sintra
(386), Oeiras (348), Vila Nova de Gaia (272), Loures (260), Seixal
(250), Cascais (213), Almada (199) e Matosinhos (188).Para
o Portal, o maior volume de reclamações está relacionado com uma maior
urbanização das zonas bem como da densidade populacional.Para
elaborar o estudo, o Portal da Queixa, uma rede social de consumidores
'online' onde estes podem apresentar reclamações ou opiniões, analisou
reclamações dirigidas às autarquias das Áreas Metropolitanas de Lisboa e
Porto com vista a determinar quais os municípios que mais reclamações
receberam no mandato autárquico 2017-2021, que está prestes a terminar, e
quais os motivos que causaram mais inquietação nos portugueses.Entre
01 de outubro de 2012 e 31 de agosto último, o Portal recebeu 5.457
queixas dirigidas às autarquias da AML e AMP, respetivamente, o que
perfaz um aumento de 345% em comparação com o período homólogo
correspondente ao mandato autárquico 2013-2017, em que foram
apresentadas 1.227 reclamações.Montijo
(43), Alcochete (36) e Mafra (19), são os municípios da AML com menos
reclamações registadas no Portal no período estudado, enquanto na AMP as
autarquias com menor número de queixas foram São João da Madeira (8),
Vale de Cambra (7), Arouca e Trofa (ambos com três cada).Na
AMP, o estudo detetou ainda três autarquias que no mandato 2013-2017
não tinham sido alvo de quaisquer queixas – Paredes, S. João da Madeira e
Trofa -, o que não se verificou no mandato que agora termina.No
que respeita aos motivos das queixas, 38% respeitam a questões de
ambiente, como manutenção e cuidado de espaços verdes, recolha do lixo,
limpeza de espaços públicos e pragas, entre outros, enquanto 30%
reportaram-se a questões relacionadas com infraestruturas, como obras
públicas, reparações, iluminação das ruas e problemas de sinalização.Os
licenciamentos - licenças camarárias, fiscalizações, multas, problemas
de estacionamento e queixas de ruído – estiveram na origem de 19% das
reclamações.Falta
de resposta ou mau atendimento dos serviços municipais, segurança
rodoviária, sinalização e acidentes, problemas com habitação particular,
concursos públicos de habitação e queixas na área da saúde pública,
foram outros dos motivos de reclamações dirigidas aos municípios das
duas áreas metropolitanas.Já
no que respeita à capacidade dos municípios na resolução das queixas,
Lisboa é a autarquia com melhor pontuação, apresentando um índice de
77,3, numa escala de 100. Sobre a taxa de resposta aos munícipes, apenas as câmaras de Lisboa, Sesimbra, Loures e Vila Nova de Gaia registaram 100%.O
Portal da queixa conclui ainda que as reclamações apresentadas entre
2017 e 2021 aumentaram em função do grau de desenvolvimento das
populações (baseado em parâmetros como nível de urbanização do concelho,
do poder de compra e de instrução dos habitantes) e diminuíram nos
concelhos onde a percentagem de população apresenta menor nível de
instrução.As
reclamações aumentaram nos concelhos onde há mais população residente,
onde o poder de compra e a densidade populacional são maiores e onde há
mais população empregada no setor terciário, acrescenta o documento.Relativamente
à idade dos reclamantes, 26% das queixas foram apresentadas por pessoas
com idades entre os 35 e os 44 anos, seguindo-se dos 45 aos 54 (24,8%) e
dos 55 aos 64 anos (20,4%). No total, estas faixas etárias representam
71,2% das reclamações apresentadas.Quanto à repartição das reclamações por género, 56,5% das reclamações são apresentadas por homens e 43,5% por mulheres.Para
Pedro Lourenço, diretor executivo e fundador do Portal, o estudo
permite também concluir que existe uma correlação positiva entre as
reclamações e a caracterização sociodemográfica dos concelhos
analisados, evidenciando que “a reclamação do consumidor/munícipe
realça, de forma muito clara, uma atitude moderna, de maturidade
civilizacional e de consciência cívica".