Queima das Fitas de Coimbra cumpriu todas as regras
Covid-19
25 de nov. de 2021, 16:52
— Lusa/AO Online
O
Instituto Ricardo Jorge associou a “subida abrupta” de uma das
sub-linhagens da variante Delta, que se manifestou em 42 concelhos, à
Queima das Fitas, que decorreu no final de outubro.“A
Associação Académica de Coimbra está plenamente convicta de que fez
tudo o que seria correto. Esteve durante meses a dialogar com as
autoridades de saúde e todo o evento é marcado pelo consenso científico
de que poderia ser realizado e a Académica foi a primeira a dizer que só
assim poderia avançar”, disse à agência Lusa João Assunção, que está em
final de mandato.Para
este responsável, o evento cumpriu “todos os critérios de segurança”
definidos pelas autoridades e foi até “além desses critérios”.“A
Associação Académica não tem como se arrepender ou olhar para o evento
da Queima com uma ideia de que não o deveria ter feito. Está segura e
confiante de que cumpriu todas as regras de segurança sanitária”,
frisou.João
Assunção notou que o evento decorreu numa altura em que toda a economia
estava aberta “em pleno”, como era o caso da diversão noturna ou da
restauração, onde há “muito menos restrições do que na Queima das
Fitas”, em que era exigido aos participantes um certificado de vacinação
ou teste à Covid-19 negativo.“Parece-me
estranho que, passado mais de um mês, quando vemos um agravamento da
situação epidémica fruto do Inverno, a justificativa seja um evento que
ocorreu há um mês em Coimbra”, salientou.O
investigador do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA),
João Paulo Gomes, disse que, de uma semana para a outra, uma
sub-linhagem da variante Delta do coronavírus SARS-CoV-2, “que estava
muito pouco representada no país, passou a estar presente em 42
concelhos”.“Além
disso, em termos genéticos, vimos que os vírus eram praticamente todos
iguais (…), significa que uma pessoa infetada num mesmo evento passou a
infeção a muitas outras pessoas, que depois saíram desse evento e
espalharam a infeção”, precisou.João
Paulo Gomes disse ainda que, tendo em conta que as datas de colheita
foram no início de novembro (…), os investigadores associaram, "sem
grandes margens para dúvida", à Queima das Fitas, em Coimbra, que
aconteceu na última semana de outubro.“Não
há grandes dúvidas de que, de facto, [foram] estudantes académicos em
Coimbra, infetados todos mais ou menos na mesma altura, com a mesma
sequência genética do vírus e que, de repente, passaram a espalhar [a
infeção] por 42 concelhos à volta daquela região”, sublinhou.O
especialista explicou ainda que este caso não é único, pois já em
relatórios anteriores o INSA tinha detetado um outro evento com
disseminação em massa, desta vez na região de Lisboa e Vale do Tejo.