Quase onze mil pessoas morreram na Venezuela por causas violentas em 2022
30 de dez. de 2022, 09:46
— Lusa/AO Online
Segundo o OVV os números comparativos
globais da violência no país “não têm quase diferença” com relação ao
ano anterior, apesar da emigração de venezuelanos, mas está a aumentar o
número de “mortes em averiguação” cuja motivação não foi determinada,
inclusive quando resultante do uso de armas.“Em
2022, 10.737 pessoas morreram por causas violentas, para uma taxa de
40,4 por 100 mil habitantes, em comparação com as 11.081 (40,9 por 100
mil) registadas em 2021”, explicou o presidente da OVV.Segundo
Roberto Briceño León, em 2022 houve 2.328 homicídios na Venezuela,
1.240 mortes por intervenção policial, 1.370 desaparecimentos de vítimas
cujos corpos não foram encontrados e 5.799 mortes estão em averiguação.Em
2021, a Venezuela registou 3.112 homicídios, 2.332 mortes por
resistência à autoridade, 1.634 desaparecimentos e ficaram 4.003 mortes
em averiguação.“Em 2022 houve uma média de
26 mortes violentas por dia, 180 por semana e 781 por mês. Em termos de
mortes devidas à intervenção policial, houve 3,39 mortes por dia por
ação policial ou militar, 23,8 por semana e 103 por mês”, apontou o
presidente do OVV.Segundo Roberto Briceño León, “a tendência decrescente das mortes violentas experimentadas em anos anteriores travou em 2022”.“Não
houve variações no nível de violência e criminalidade, o que pudemos
observar foi uma modificação na composição interna da classificação das
mortes violentas levada a cabo pelas autoridades e pela investigação
criminal. Os casos de homicídios ou mortes devido à intervenção policial
diminuiu e aumentaram significativamente as mortes sob investigação,
que poderiam ser homicídios, ou vítimas de intervenção policial, que não
foram investigados, nem tiveram os processos penais correspondentes”,
explicou.Roberto Briceño León denunciou
que há uma “censura prolongada” no país e chamou a atenção que as mortes
por causa indeterminada representam 62% das mortes registadas no país,
apesar de os protocolos internacionais fixarem 10% como máximo
aceitável.“Em 2022 houve pelo menos 1.370 desaparecimentos. Isto significa que na Venezuela desaparecem 3,75 pessoas por dia”, sublinhou.Os
dados do OVV dão conta que o Distrito Capital, com 89 mortes violentas
por cada 100 mil habitantes, é a região venezuelana mais violenta,
seguindo-se La Guaira (62), Miranda (54), Bolívar (50), Carabobo (47),
Guárico (44), Anzoátegui (41), Delta Amaracuro e Arágua (ambas com 39
cada).Seguem-se os estados de Amazonas
(38), Zúlia e Trujillo (35 cada), Mérida (31), Apure e Falcón (cada um
com 29), Táchira e Barinas (27 cada), Suce (26), Yaracuy e Nueva Esparta
(24 cada), Cojedes (23) e Lara (19).Por
outro lado, o maior número de mortes por intervenção policial
registou-se em Miranda (261 vítimas), Arágua (186), Zúlia (154) e
Carabobo (122), “mostrando a persistência de um padrão de atuação
policial ilegal e violador dos Direitos Humanos”.