Quase metade das PME em Portugal foi alvo de um ciberataque com uso de IA
Hoje 11:41
— Lusa/AO Online
Segundo o estudo de
Ciberpreparação da Hiscox 2025, "a realidade cibernética das empresas
portuguesas é cada vez mais exigente: 54% das empresas foram alvo de
pelo menos um ataque nos últimos 12 meses, sendo que mais de metade
registou entre um e dez incidentes". Relativamente
aos ataques ligados a vulnerabilidades associadas à IA, "48% das
empresas portuguesas confirmam ter sido alvo de pelo menos um
ciberataque nos últimos 12 meses", o que indica que "os cibercriminosos
estão a explorar ativamente as fragilidades geradas pela rápida adoção
desta tecnologia", refere o estudo do grupo segurador internacional.O
tipo de ataque mais reportado "foram os dispositivos IoT [Internet of
Things ou Internet das Coisas, em português] corporativos, presentes em
equipamentos industriais, sensores e infraestruturas conectadas, que
afetaram 33% das empresas". A isto, "seguem-se como vetores frequentes os servidores internos das empresas (30%)".O
estudo aponta ainda "os dispositivos móveis de colaboradores, como
portáteis e telemóveis (29%), ataques direcionados a colaboradores
através de phishing ou engenharia social (28%), dispositivos móveis da
própria empresa (27%), compromissos de email corporativo (27%), falhas
na cadeia de fornecimento (26%), servidores na cloud (24%), serviços de
acesso remoto, como VPN (24%), e ataques de negação de serviço (DDoS)
(23%)".De acordo com o relatório, as
ferramentas ligadas à IA surgem também como porta de entrada destes
ciberataques, afetando quase um quarto (24%) das empresas."Apesar
do aumento das ameaças, as empresas portuguesas mantêm uma visão
amplamente positiva da IA", uma vez que para uma grande maioria (86%)
esta tecnologia "é sobretudo um ativo fundamental para a inovação e
competitividade". Quanto às
vulnerabilidades, "26% consideram que o seu software e sistemas podem
ter falhas, 25% apontam a infraestrutura de rede como possível via de
entrada de ameaças, 18% reconhecem que os colaboradores podem ser alvo
de ataques de phishing ou engenharia social, 17% consideram que as
instalações físicas podem estar expostas a ataques ou falhas em serviços
públicos, e 14% alertam para riscos associados a parceiros ou terceiros
que tenham acesso a dados ou sistemas da empresa".O
uso de IA generativa [que tem a capacidade de gerar conteúdos] traz
novos desafios às empresas, com 22% das empresas a anteverem nos
próximos cinco anos ataques de engenharia social potenciados por IA e
21% destacam a utilização de dados comprometidos ou modelos de IA
adulterados.Cerca de 19% receiam que a IA
tome controlo dos dados da empresa e 18% identificam vulnerabilidades em
ferramentas de IA de terceiros, como o ChatGPT, segundo o estudo.As
PME apontam como prioridades de investimento que a "formação e
sensibilização dos colaboradores surge como uma das medidas mais
importantes para aumentar a resiliência face aos perigos da IA (46%)".
Quase metade (46%) planeia "garantir que as suas apólices de ciberseguro
incluem riscos associados à IA". O
relatório deste ano "mostra como a IA se tornou uma ferramenta com
grande potencial para as PME portuguesas, mas também uma nova ameaça
para a sua cibersegurança", afirma a líder de ciber (cyber lead) da
Hiscox Portugal e Espanha, Ana Silva, citada em comunicado.O
estudo foi realizado pela Hiscox em colaboração com a consultora
Wakefield Research e desenvolvido através de entrevistas a uma amostra
de 5.750 profissionais responsáveis pela estratégia de cibersegurança
nos EUA, França, Alemanha, Espanha, Reino Unido, Irlanda e Portugal. Os
inquiridos trabalham em empresas com menos de 250 colaboradores (PME).