Quase 90% dos municípios em equilíbrio financeiro e 4 em rutura em 2022
3 de out. de 2023, 11:26
— Lusa
No
relatório de “Evolução Orçamental da Administração Local em 2022”, a instituição presidida por Nazaré Costa Cabral indica
que, no final do ano passado, 269 dos 300 municípios para os quais se
dispõe de informação se encontravam em situação de equilíbrio financeiro
na ótica do Regime Financeiro das Autarquias Locais e Entidades
Intermunicipais (RFALEI), mais três do que em 2021.Por
outro lado, acima do limite legal de endividamento no final de 2021
existiam pelo menos 14 municípios, caindo face aos 17 registados em
2021, dos quais quatro estavam em situação de “rutura financeira”, por
apresentarem um rácio de dívida total superior a 300%: Cartaxo, Fornos
de Algodres, Vila Franca do Campo e Vila Real de Santo António.Dos
14 municípios com endividamento acima do limite, 11 encontravam-se num
processo de recuperação financeira no âmbito do Fundo de Apoio
Municipal: Alandroal, Alfândega da Fé, Cartaxo, Fornos de Algodres,
Fundão, Nazaré, Nordeste, Portimão, Vila Franca do Campo, Vila Nova de
Poiares e Vila Real de Santo António.Quanto aos restantes três municípios, o RFALEI determina a adesão obrigatória à figura do saneamento financeiro. Já
o número de municípios com dívida abaixo do limite legal de
endividamento aumentou de 284 no início de 2022 para 286 no final do
ano, tendo o valor da sua dívida diminuído 5% (-152 milhões de euros).Ainda
assim, o CFP aponta a “evolução desfavorável no subescalão dos
municípios mais próximos do limite”, com um aumento de 8% da dívida no
escalão dos municípios com um rácio da dívida entre 1 e 1,5 vezes as
receitas relevantes para o cálculo do limite da dívida total.Segundo
detalha, para esta evolução neste grupo de 17 autarquias no final de
2022 contribuíram aumentos da dívida total nos municípios de Mafra (38
milhões de euros), Paredes (21 milhões), Tábua (dois milhões), Tarouca
(800 mil euros) e Gouveia (700 mil euros), cuja degradação dos
respetivos rácios superou a redução da dívida total em 22 milhões de
euros nos restantes 12 municípios.O
relatório do CFP indica ainda que a dívida total dos municípios
considerada para efeitos do limite legal terá novamente diminuído em
2022, em 218 milhões de euros, totalizando cerca de 3.600 milhões de
euros no final do ano.Contudo, nota, “esta
redução seria menor (160 milhões de euros), se fossem tidos em conta
todos os passivos municipais, ou seja, incluindo as dívidas que o
legislador entendeu excecionar, uma vez que estas aumentaram 59 milhões,
sobretudo a excecionada ao abrigo do RFALEI”.Apesar
da redução global da dívida total considerada para efeitos do limite
legal, 89 municípios terão registado aumentos que, no seu conjunto,
ascenderam a cerca de 177 milhões de euros, mas que foram mais do que
compensados pelo decréscimo observado nos restantes 211 (395 milhões de
euros).O Conselho das Finanças Públicas
precisa que a redução de 6% da dívida em 2022 foi “transversal a quase
todos os escalões” e “terá sido mais intensa nos municípios mais
endividados (-16%)”.Dos 16 municípios que
excediam o limite da dívida total no início do ano, dois deles (Belmonte
e Seia) terão passado a respeitar aquele limite, sendo que apenas
Freixo de Espada à Cinta não terá observado qualquer melhoria do
respetivo rácio, nem da dívida.