Quase 20% dos mais carenciados têm sobrecarga das despesas com habitação
20 de jan. de 2023, 13:57
— Lusa/AO Online
Contudo, segundo o
Inquérito às Condições de Vida e Rendimentos do INE, a sobrecarga destas
despesas reduziu-se no caso da população em risco de pobreza, mas
aumentou 0,4 pontos percentuais (p.p.) para o resto da população (1,8%
em 2021).Segundo o INE, a taxa de
sobrecarga das despesas em habitação - que corresponde à proporção de
pessoas que vivem em agregados familiares em que o rácio entre as
despesas anuais com a habitação e o rendimento disponível (deduzidas as
transferências sociais relativas à habitação) é superior a 40% - atingiu
5% em 2022, menos 0,9 p.p. face a 2021 (5,9%).A diminuição da taxa de sobrecarga das despesas em habitação foi transversal a todas as regiões, exceto o Alentejo.De
acordo com os dados, a carga mediana das despesas em habitação para a
população em risco de pobreza baixou 2,8 p.p, situando-se nos 20,1% em
2022, enquanto para a restante população se situou nos 9,2%, um valor
ligeiramente mais alto do que em 2021 (9,1%).Os
resultados dos inquéritos apontam também para a melhoria das condições
habitacionais dos residentes em Portugal em 2022, em especial da
população em risco de pobreza.“A taxa de
sobrelotação diminuiu 1,4 p.p.; a carga mediana das despesas em
habitação foi 10,2% [em 2022], inferior em 0,3 p.p. à verificada no ano
anterior; a taxa de sobrecarga das despesas em habitação atingiu 5,0% da
população, menos 0,9 p.p. do que em 2021”, sintetiza o INE. Contudo,
aumentou a percentagem de pessoas que viviam em agregados sem
capacidade financeira para manter a casa adequadamente aquecida (17,5%,
mais 1,2 p.p. do que em 2021).Segundo o
INE, a condição de viver numa casa sobrelotada em 2022 afetava
principalmente as famílias em risco de pobreza (19,2%) e as residentes
em áreas densamente povoadas (10,8%).Para o
mesmo ano, a taxa de sobrelotação da habitação era mais elevada para as
pessoas mais jovens (15,6% para o grupo etário até aos 17 anos),
diminuindo com o aumento da idade (9,9% para os adultos e 3,0% para os
idosos).Os resultados do inquérito
concluem que 9,2% das pessoas viviam em 2022 em alojamentos em que o
número de divisões habitáveis (≥ 4 m2 ) era insuficiente para o número e
o perfil demográfico dos membros do agregado, menos 1,4 p.p. do que no
ano anterior. A sobrelotação da habitação
afetava principalmente os residentes nas regiões do Algarve (13,5% dos
residentes), Açores (13,5%) e Madeira (13,0%).Em
2022, o indicador relativo à proporção da população residente que vive
sem banheira, duche e retrete no interior do alojamento aumentou para
0,4% da população em geral (0,3% em 2021) e para 1,3% da população em
risco de pobreza (0,7% em 2021). O INE
afirma que “esta evolução reflete uma inversão de sentido em relação à
tendência de melhoria desta condição habitacional, em especial no caso
da população em risco de pobreza”.