Qatar condena campanha “infundada” em resposta a críticas do PE
Mundial2022
29 de nov. de 2022, 11:39
— Lusa/AO Online
Na
resolução, os eurodeputados denunciavam a corrupção “desenfreada” da
FIFA (Federação Internacional de Futebol) e exigiam que as autoridades
do Qatar, entre outras coisas, estendessem o fundo de compensação às
famílias dos operários que morreram durante a construção dos estádios
para a competição futebolística.“O Qatar é
um país independente que não aceitará ordens de outros nem lições de
moral de ninguém”, advertiu o Conselho da Shura do Qatar, um dos órgãos
consultivos mais importantes do país, dando voz ao aparente mal-estar
dentro do regime qatari causado pela onda de críticas de que foi alvo
nas últimas semanas.O Conselho denunciou
uma “conspiração sistemática” contra o Qatar, que estaria a ser vítima
de “hipocrisia, duplicidade de critérios e racismo” por ser o primeiro
país árabe a acolher um Mundial. Segundo este órgão, textos como o do PE
“incentivam o ódio entre Oriente e Ocidente”, noticiou a agência
oficial QNA.Também se congratulou com a
alegada integração laboral das mulheres, assegurando que representam
mais de 40% da população ativa e que, ao contrário do que acontece no
Ocidente, “o Qatar nunca teve desigualdade salarial” por razões de
género.O Conselho da Shura do Qatar
advertiu ainda de que o país não tolerará ingerências ou ordens que
queiram “alterar os arreigados valores morais” da população local, que
recebeu com “entusiasmo e amizade” os milhares de pessoas que se
deslocaram de outros países.Na resolução
aprovada no plenário em Estrasburgo (França), na passada quinta-feira, o
PE reconheceu que o Qatar atribuiu 320 milhões de dólares (mais de 307
milhões de euros, ao câmbio atual) às vítimas de abusos salariais,
através do chamado “Fundo de Apoio e Seguro dos Trabalhadores”.No
entanto, muitos trabalhadores e as suas famílias foram excluídos da
aplicação do fundo, pelo que os eurodeputados defenderam o seu
alargamento a todos os afetados desde o início dos trabalhos
relacionados com o Qatar2022.Segundo o PE,
a força laboral estrangeira no Qatar é de mais de dois milhões de
pessoas, que representam cerca de 94 por cento da mão-de-obra do país.Os
eurodeputados pediram ao Qatar para realizar “investigações exaustivas
às mortes dos trabalhadores migrantes”, ao mesmo tempo que reconheceram
os esforços do país para “melhorar as condições e direitos laborais dos
trabalhadores migrantes”.O PE assinalou
ainda que o Qatar ganhou a corrida à organização do campeonato mundial
“no meio de alegações credíveis de suborno e corrupção”. A
FIFA “prejudicou gravemente a imagem e a integridade do futebol a nível
mundial”, consideraram os eurodeputados na resolução, em que apelaram
para reformas no organismo internacional. Os
eurodeputados defenderam também a “implementação rigorosa de critérios
de direitos humanos e sustentabilidade para os países de acolhimento”
dos torneios. O PE defendeu também que os
eventos desportivos internacionais “não devem ser concedidos a países
onde os direitos fundamentais e humanos são violados e onde a violência
sistemática de género prevalece”.O alargamento deve também abranger a morte de trabalhadores e outras violações dos direitos humanos, segundo a resolução.Os
eurodeputados apelaram igualmente para que a FIFA contribua para um
programa de ajuda às famílias dos trabalhadores, compensando-as pelas
“condições a que foram sujeitos”. Na resolução, os eurodeputados lamentaram ainda os abusos perpetrados pelas autoridades do Qatar sobre a comunidade LGBTQ+.Esses
abusos incluem o recurso a legislação que permite a detenção provisória
de pessoas LGBTQ+ “sem acusação ou julgamento por um período máximo de
seis meses”, denunciaram