Putin propõe à NATO medidas para reduzir tensão estratégica na Europa
26 de out. de 2020, 15:13
— Lusa/AO Online
As tensões entre a Rússia e
Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) continuam a aumentar, o
que cria “ameaças óbvias à segurança europeia”, considera Vladimir
Putin, em comunicado hoje divulgado pelo Kremlin.O
Presidente russo culpa os Estados Unidos pela situação de abandono do
tratado de 1991 para a eliminação dos mísseis nucleares de curto e médio
alcance (conhecido como INF), decisão que descreve como um “erro
grave”, já que o acordo foi “um elemento importante” para a segurança
internacional e a estabilidade estratégica, especialmente da Europa.Como
consequência, refere, aumentou o risco de uma corrida ao armamento de
mísseis e o perigo de um “potencial confronto” de “escalada
incontrolável”.Para “reduzir o défice de
confiança” e os riscos associados às discrepâncias em matéria de
mísseis, o líder do Kremlin reafirma a proposta de se adiar o
desenvolvimento de mísseis de curto e médio alcance enquanto não
surgirem armas similares de fabricação norte-americana no território e
acrescenta que a Rússia está disposta a dar “novos passos” para
minimizar os riscos criados pelo desaparecimento do INF.A
declaração expressa a disponibilidade russa – “como gesto de boa
vontade” - de não colocar mísseis de cruzeiro 9M729 Novator na parte
europeia da Rússia, motivo alegado pelos EUA para deixar o INF, já que,
segundo Washington, este tipo de mísseis viola o tratado por ter um
alcance superior a 500 quilómetros.Putin,
que garante que o Novator não violou os compromissos assumidos pela
Rússia, exige que a NATO se comprometa a não colocar na Europa armas
anteriormente proibidas pelo tratado INF.Além
disso, propõe a introdução de medidas de verificação, nomeadamente do
sistema norte-americano de defesa antimíssil Aegis Ashore, que Moscovo
sempre considerou uma ameaça direta à sua segurança, já que, segundo
Putin, pode tornar-se uma arma ofensiva em poucas horas.Putin
também faz alusão aos lançadores verticais MK-41, que podem lançar
mísseis Tomahawk, estacionados em bases dos EUA e da NATO na Europa,
como a Polónia e a Roménia.Em
contrapartida, a NATO poderá verificar os mísseis Novator colocados no
enclave báltico russo Kaliningrado, que faz fronteira com dois países
aliados, a Polónia e a Lituânia.Finalmente,
Putin propõe que se chegue a um acordo sobre um esquema para evitar uma
crise de mísseis que possa ser aplicável à região da Ásia-Pacífico.Na
semana passada, Putin já tinha avisado que “o mundo não terá futuro” se
não houver controlo de armas, aludindo à necessidade urgente de
renovação do Novo START, o último tratado de desarmamento entre Rússia e
Estados Unidos, que expira em fevereiro de 2021.