Autor: Lusa/AO Online
"Tomem o poder nas vossas mãos. Parece-me que será mais fácil negociar entre mim e vocês", lançou Putin ao exército ucraniano numa intervenção transmitida pela televisão russa, afirmando não combater unidades do exército, mas formações nacionalistas que se comportam "como terroristas" usando civis "como escudos humanos".
Putin também classificou o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e os seus ministros como "uma panelinha de viciados em drogas e neo-nazis, que se estabeleceram em Kiev e fizeram refém todo o povo ucraniano".
Apesar de Zelensky ter origem judaica, Moscovo chama "neo-nazis" ou "junta" às autoridades ucranianas desde 2014, quando começou a guerra no leste da Ucrânia, entre separatistas pró-Rússia e forças de Kiev.
As acusações de "viciado em drogas" referem-se a declarações feitas pelos detratores de Zelensky durante as eleições presidenciais de 2019, que o Presidente ganhou com larga margem.
A Rússia acusa a Ucrânia de ter integrado nas suas forças armadas unidades próximas da extrema-direita e apontou a "desnazificação" da Ucrânia como um dos objetivos da sua invasão.
Putin acusou essas unidades de agir "como terroristas".
A Ucrânia também comparou as ações da Rússia com as da "Alemanha nazi" durante a Segunda Guerra Mundial.
O apelo de Putin ao exército ucraniano foi feito horas depois de Zelensky ter convocado o Presidente russo para se sentar à mesa de negociações, opção que o Kremlin não descartou de imediato, mas deixou sem resposta clara.
No primeiro dia da invasão russa, na quinta-feira, Zelensky denunciou que o objetivo do ataque é tirá-lo do poder.
"Segundo
as nossas informações, eu sou o alvo número um do inimigo. A minha
família é o segundo [alvo]. Eles [o russos] querem destruir a Ucrânia
politicamente destruindo o chefe de Estado", afirmou.