Putin nega rejeitar plano de Trump e passa 'a bola' a Kiev e europeus
Ucrânia
Hoje 12:26
— Lusa/AO Online
“Isso
é absolutamente incorreto e não tem qualquer fundamento”, afirmou Putin
durante uma conferência de imprensa anual transmitida pela televisão,
citado pela agência de notícias espanhola EFE.“A
bola encontra-se totalmente do lado dos nossos adversários ocidentais,
principalmente do chefe do regime de Kiev [Volodymyr Zelensky] e dos
seus patrocinadores europeus”, disse o líder russo.Putin
lembrou que se reuniu com Trump em agosto, no Alasca, e que
praticamente aceitou as propostas do Presidente dos Estados Unidos,
depois de os emissários de Washington terem solicitado que Moscovo
fizesse “certas concessões”.“Trump realiza
esforços importantes para pôr fim ao conflito. Como referi no passado,
ele fá-lo, do meu ponto de vista, de maneira absolutamente sincera”,
assinalou.Putin reafirmou na quarta-feira
que, caso as negociações diplomáticas fracassassem, a Rússia recuperaria
os “territórios históricos russos” na Ucrânia “pela via militar”.Moscovo
rejeitou categoricamente a possibilidade de um destacamento de tropas
de países membros da NATO no país vizinho como garantia de segurança
para a Ucrânia após o fim da guerra.A
presidência russa confirmou que uma delegação de Moscovo manterá no fim
de semana consultas com representantes norte-americanos para abordar o
resultado das negociações em Berlim com ucranianos e europeus.Putin
também rejeitou qualquer responsabilidade pelas mortes causadas pela
guerra na Ucrânia, desencadeada pela Rússia há quase quatro anos,
atribuindo-a às autoridades ucranianas.“Não
nos consideramos responsáveis pela morte das pessoas, porque não
começámos esta guerra”, afirmou, citado pela agência de notícias
France-Presse (AFP).Putin acusou o
Ocidente e Kiev de terem enganado a Rússia ao abrigo dos acordos de
Minsk, de 2014 e 2015, sobre o Donbass, a região no leste da Ucrânia
constituída por Donetsk e Lugansk.A Rússia
anexou Donetsk e Lugansk em setembro de 2022, juntamente com Kherson e
Zaporijia, depois de ter feito o mesmo à Crimeia em 2014.Os
acordos de Minsk foram mediados pela França e pela Alemanha, e contaram
com a participação da Ucrânia, da Rússia, dos separatistas do Donbass,
apoiados por Moscovo, e da Organização para a Segurança e Cooperação na
Europa (OSCE).Os acordos acabaram por
nunca ser totalmente implementados, com acusações mútuas de violações,
levando ao colapso com a invasão russa em 2022.Putin
emocionou-se ao falar dos soldados russos de diferentes origens que
combatem na Ucrânia e interrompeu brevemente uma resposta enquanto se
percebia o lábio inferior a tremer, segundo a EFE.Admitiu
que “a busca pelos soldados desaparecidos (...) é um tema muito grave” e
disse que o Ministério da Defesa tomou medidas que melhoraram a
situação.Tais medidas permitiram reduzir
para metade o número de desaparecidos em combate desde o início do ano,
referiu, sem especificar.A Rússia não publica dados oficiais sobre as baixas na Ucrânia desde setembro de 2022, quando anunciou 5.937 mortos.Fontes independentes admitem atualmente mais de 200 mil mortos e acima de um milhão de baixas totais, segundo a EFE.Em comparação, o exército soviético perdeu cerca de 15 mil soldados nos 10 anos em que combateu no Afeganistão (1979-1989).Os
serviços demográficos russos deixaram de publicar parcialmente
informação, o que impede os meios de comunicação independentes de
calcular as referidas baixas.Segundo estas
fontes, a Rússia perde mais de 30 mil soldados por mês, não sendo capaz
de mobilizar homens suficientes para repor as brigadas que combatem na
Ucrânia.Caso as hostilidades não parem, em
11 de janeiro de 2025 o exército russo terá combatido tantos dias —
1.418 — como o exército soviético durante a chamada Grande Guerra
Patriótica (1941-1945).