Autor: Lusa/AO Online
Durante a sua estada de três dias, o Presidente russo vai reunir-se com o homólogo do Tajiquistão, Emomali Rakhmon, seguindo-se uma cimeira Rússia-Ásia Central, que incluirá a participação de líderes do Cazaquistão, Quirguistão, Turquemenistão e Uzbequistão.
Na sexta-feira, juntar-se-ão líderes da Arménia, Azerbaijão e Bielorrússia para uma reunião mais ampla da Comunidade de Estados Independentes, uma aliança informal de outras antigas nações soviéticas.
Rakhmon, no poder há quase 33 anos, é o antigo líder soviético com mais tempo de mandato.
O ex-chefe de explorações agrícolas coletivas, de 73 anos, chegou ao poder em 1992, após uma guerra civil devastadora que assolou o país após o fim da URSS.
Esmagou ou intimidou toda a oposição ao seu governo logo após ter assumido o poder e, posteriormente, impulsionou mudanças constitucionais que lhe permitem governar vitaliciamente.
A Rússia mantém uma base militar no Tajiquistão, que partilha uma fronteira porosa de 1.300 quilómetros com o Afeganistão.
A visita de Putin ao Tajiquistão — que assinou o Estatuto de Roma em 1998 — atraiu críticas de organizações de defesa dos direitos humanos, como a Human Rights Watch (HRW), que insistiu que o Governo tajique deveria impedir o líder do Kremlin de dar entrada no país ou "detê-lo caso entre no território", seguindo a ordem do TPI.
"Putin deveria estar em Haia a enfrentar as acusações contra ele, e não a participar em cimeiras organizadas pelos países-membros do TPI", criticou Liz Evenson, diretora de Justiça Internacional da organização.
Nesse sentido, lembrou que o país ratificou o estatuto em 2002 e, como tal, "tem a obrigação de cooperar com o tribunal", o que inclui "prender e entregar qualquer suspeito que entre no seu território", ou, de contrário, “irá prejudicar ainda mais o historial de direitos humanos do Tajiquistão".
A Rússia rejeita a autoridade do TPI, mas o mandado de detenção limitou as viagens de Putin ao estrangeiro, levando-o a evitar países que reconhecem as decisões do tribunal.
Uma cimeira em agosto com o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no Alasca, marcou a sua primeira viagem ao Ocidente desde que Moscovo invadiu a Ucrânia, em fevereiro de 2022, mas Washington também não reconhece o tribunal de Haia.
Em março de 2023, o TPI emitiu mandados de detenção contra o líder do Kremlin e contra a comissária russa para os direitos da criança, Maria Lvova-Belova, pelo papel de ambos na deportação forçada de menores ucranianos.