“Putin pensava
que poderia rapidamente tomar o controlo da Ucrânia, rapidamente tomar o
controlo da capital. Estava errado”, declarou o secretário da Defesa
norte-americano, Lloyd Austin, numa audição no Congresso.“Penso
que Putin desistiu dos seus esforços para capturar a capital e está
agora concentrado no sul e no leste do país”, acrescentou, perante a
comissão das Forças Armadas do Senado (câmara alta do Congresso).Mas
o desfecho da guerra, que promete ser longa, permanece incerto,
indicou, por sua vez, o chefe do Estado-Maior norte-americano, o general
Mark Milley.“Será uma missão de longo
prazo”, considerou, precisando que “há ainda uma batalha importante a
travar no sudeste, onde os russos pretendem concentrar forças e
prosseguir a sua ofensiva. Portanto, resta saber como é que tudo isto
terminará”.A Ucrânia recebeu cerca de
60.000 sistemas antitanque dos Estados Unidos e seus aliados, e o
exército ucraniano está a utilizar minas antipessoais, que obrigam os
soldados russos a combater em zonas onde estão mais vulneráveis, indicou
o general Milley, na mesma audição.O
Ocidente também forneceu aos ucranianos cerca de 25.000 sistemas
antiaéreos de diversos tipos, que impediram a Rússia de tomar o controlo
do espaço aéreo ucraniano, disse o oficial norte-americano de mais alta
patente, acrescentando que o exército ucraniano está agora a pedir
tanques e artilharia para poder repelir a próxima ofensiva russa.“O
terreno [no sudeste do país] é diferente do do norte. É bastante mais
aberto e propício a operações de blindados dos dois lados”, explicou,
referindo que os ucranianos “precisam de mais tanques e artilharia, e é
isso que estão a pedir”.O secretário da
Defesa norte-americano pareceu reconhecer que os Estados Unidos
consideravam, pelo menos no início do conflito, que a Ucrânia seria
incapaz de retomar o controlo das regiões separatistas de Donetsk e
Lugansk, no Donbass, que é agora o alvo definido por Moscovo.Insistentemente
questionado pelo senador republicano Tom Cotton sobre as informações
que os serviços secretos militares norte-americanos estão a partilhar
com os ucranianos, Austin admitiu que elas não abrangeram, até agora, as
regiões separatistas.“Nós fornecemos-lhes informações para realizarem operações”, incluindo no Donbass, começou por dizer.Mas
quando Cotton lhe perguntou explicitamente se essas informações diziam
respeito às zonas controladas desde 2014 pelos separatistas pró-russos, o
responsável máximo do Pentágono reconheceu que as instruções até agora
fornecidas aos analistas militares não eram “claras”.“Queremos
garantir que elas são claras para as nossas forças. É esse o objetivo
das novas instruções, a partir de hoje”, acrescentou.Os
serviços secretos norte-americanos alertaram para a eclosão da guerra
na Ucrânia com uma exatidão notável, mas não previram a feroz
resistência dos ucranianos.Temiam que Kiev
caísse nas mãos das forças russas em 48 horas e que o Presidente
ucraniano, Volodymyr Zelensky, fosse imediatamente deposto para ser
substituído por um regime pró-russo.