Em
entrevista à agência noticiosa oficial chinesa Xinhua, Putin expressou
uma opinião favorável à posição de Pequim sobre uma solução política
para o conflito.O líder russo apreciou o
facto de a China compreender "as raízes e o impacto geopolítico" da
guerra, referindo-se a um documento publicado em fevereiro de 2023 que
delineia a posição de Pequim sobre a "Resolução Política da Crise
Ucraniana", como o conflito é designado no país.Este
documento, que inclui uma proposta de 12 pontos, reflete o "desejo
sincero da China de estabilizar a situação" e sugere uma abordagem que
evita a "mentalidade da Guerra Fria", segundo Putin.O
líder russo sublinhou os "quatro princípios para a resolução pacífica"
da guerra promovidos há um mês pelo seu homólogo chinês, Xi Jinping, que
"se enquadram perfeitamente" na proposta chinesa e garantem "uma
segurança indivisível e o respeito pelo direito internacional e pela
Carta das Nações Unidas".Putin sublinhou que o seu país "não se recusou a negociar" para resolver o conflito que dura há mais de dois anos."Estamos
abertos ao diálogo sobre a Ucrânia, mas essas negociações devem ter em
conta os interesses de todos os países envolvidos no conflito, incluindo
o nosso", afirmou.A visita de Putin à
China, que começa na quinta-feira e se prolonga até ao dia seguinte,
segue-se a uma recente viagem de Xi à Europa, no meio de pressões do
Ocidente para que o líder chinês use a sua influência junto do homólogo
russo para pôr fim à ofensiva na Ucrânia.A digressão de Xi, que não visitava a Europa há cinco anos, incluiu paragens em França, Sérvia e Hungria.Pequim,
que aprofundou os seus laços com Moscovo desde o início do conflito,
apelou à realização de uma conferência internacional "reconhecida tanto
pela Rússia como pela Ucrânia" para retomar o diálogo.O
primeiro ponto do plano chinês destacou a importância de “respeitar a
soberania de todos os países”, numa referência à Ucrânia. “O Direito
internacional, universalmente reconhecido, incluindo os propósitos e
princípios da Carta das Nações Unidas, deve ser rigorosamente
observado”, lê-se na proposta.“A soberania, independência e integridade territorial de todos os países devem ser efetivamente preservadas”, apontou.O
Governo chinês apelou ainda ao fim da “mentalidade da Guerra Fria” – um
termo frequentemente usado por Pequim para criticar a política externa
dos Estados Unidos.“A segurança de uma
região não deve ser alcançada através do fortalecimento ou expansão de
blocos militares”, afirma-se no documento, numa crítica implícita ao
alargamento da NATO. “Os legítimos interesses e preocupações de
segurança de todos os países devem ser levados a sério e tratados
adequadamente”.A visita de Putin surge
também depois de, no final de abril, o Secretário de Estado
norte-americano, Antony Blinken, ter apelado a Pequim para que "não
ajude a Rússia" e não forneça ao país vizinho componentes que possam ser
utilizados na sua guerra contra a Ucrânia.Pequim negou ter vendido armas à Rússia e afirma ter uma relação comercial "normal" com Moscovo.No
entanto, as autoridades norte-americanas alertaram nas últimas semanas
que as empresas chinesas estão a ajudar a indústria de armamento da
Rússia, vendendo equipamento que pode ser utilizado para produzir
mísseis balísticos.