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Segurança
Pulseiras dependerão dos hospitais
O Governo Regional não vai obrigar, como o Governo da República no continente a partir de 2009, os hospitais dos Açores a usarem pulseiras electrónicas nos recém-nascidos ou a instalarem nas maternidades sistemas de videovigilância, com gravação de imagens em alta definição.

Autor: Rui Jorge Cabral
Actualmente, o Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada, já tem um sistema de videovigilância, como resultado do processo de acreditação a que recentemente se submeteu (ver caixa).
No entanto o secretário regionais dos Assuntos Sociais, Domingos Cunha, garante que o governo está aberto a apoiar o reforço das medidas de segurança nas maternidades dos três hospitais dos Açores, se esse for o entendimento das suas direcções. Em causa estão alguns raptos de recém-nascidos ocorridos em hospitais do continente e que, embora tratando-se de situações pontuais, tiveram grande impacto na opinião pública pela gravidade do acto de tirar à mãe um bebé quase à nascença, em plena maternidade.
O governo lembra até o caso do Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada, que devido ao processo de acreditação a que se submeteu recentemente reforçou as suas medidas de segurança na maternidade, como um sistema de controlo “rigoroso” no acesso, feito individualmente pelas equipas de serviço, quer na pediatria, quer na maternidade, quer na unidade de neonatologia.
“Até agora nunca tivemos uma situação que viesse a resultar em rapto de recém-nascidos na Região, mas não devemos descansar nem estar tranquilos perante esta realidade. Devemos estar prevenidos e criar situações que evitem essas ocorrências. Se, no futuro,  vier a aplicar-se ou não o uso de pulseiras electrónicas ou de um sistema de videovigilância de alta definição, ou até de outra estratégia, isso irá decorrer da própria organização de cada serviço e das necessidades que cada um identificar como mais adequadas”, afirmou Domingos Cunha ao Açoriano Oriental.
Aliás, nesta como noutras situações, a geografia é amiga dos Açores, pois não seria fácil raptar um bebé num dos três hospitais da Região e fugir com ele para fora do raio de acção das autoridades policiais.
E, para além das medidas já tomadas no Hospital do Divino Espírito Santo, no âmbito da sua acreditação, segundo Domingos Cunha, “nos restantes hospitais felizmente nunca tivemos nenhuma situação igual a algumas constatadas a nível nacional e, cada hospital, na sua organização interna, adopta as medidas adequadas sob o ponto de vista da segurança, não só dos recém-nascidos mas também das suas mães”.
Para já, não está prevista a obrigatoriedade da implementação nos hospitais dos Açores de videovigilância em alta definição ou de pulseiras electrónicas nos recém-nascidos.
Mas a porta não está fechada, admite o secretário regional dos Assuntos Sociais. “Se eventualmente, na reorganização interna dos hospitais, viermos a ser confrontados com situações que nunca antes vivemos, com certeza que iremos evoluir para outras medidas de protecção e de salvaguarda dos recém-nascidos e das suas mães, sendo até provável que a evolução futura venha no sentido de virem a ser implementados novos sistemas de segurança”, concluiu.


Maternidade de Ponta Delgada é segura
Na sequência do seu processo de acreditação, o Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada, instalou um sistema de videovigilância na sua maternidade.
Carlos Ponte, director do serviço de Ginecologia e Obstetrícia, admite ao Açoriano Oriental que as pulseiras electrónicas também foram equacionadas, mas esse sistema, apesar de mais autónomo, não era tão consensual e era mais caro, além de não ser 100 por cento seguro e ser muito exigente ao nível da manutenção. Carlos Ponte sente-se seguro na maternidade de Ponta Delgada contra uma eventual situação de rapto de recém-nascidos. “Acho muito pouco provável da maneira que as coisas estão a processar-se, mas mesmo que tal pudesse acontecer seria logo detectado, porque há um registo diário de todas as pessoas que entram e saem”, garantiu.