Puigdemont assume mandato do povo para um Estado independente
10 de out. de 2017, 17:45
— Lusa/AO online
“Há um antes e um depois de 1 de outubro. Conseguimos o que nos
comprometemos. Chegados a este ponto histórico, assumo (…) perante todos
o mandato do povo para que a Catalunha se converta num Estado
independente, sob a forma de República”, afirmou Puigdemont, sendo
fortemente aplaudido pela bancada independentista. De seguida, o
líder do Governo catalão acrescentou: “O Governo e eu mesmo propomos que
o parlamento suspenda os efeitos da declaração de independência para
nas próximas semanas empreender um diálogo sem o qual é impossível
alcançar uma solução acordada”. Carles Puigdemont defendeu que,
neste momento, é imperioso que “se reduza a tensão e também que haja uma
vontade clara e comprometida para avançar quanto às exigências do povo
da Catalunha a partir do resultado do referendo”.O resultado do
referendo de 01 de outubro, que deu vitória ao ‘sim’ pela independência e
que foi considerado ilegal pela justiça espanhola, garantiu o líder
catalão, terá de ser tido “em conta de forma imprescindível na época do
diálogo” que se pretende abrir. Puigdemont sublinhou os repetidos apelos ao diálogo e as várias ofertas de mediação, “algumas públicas, outras não”. “Não
somos delinquentes, não somos loucos, são somos golpistas. Somos gente
normal, que pede para votar”, disse, na sua intervenção, em que vincou
que os catalães apenas conhecem a linguagem das urnas. A sua
intervenção, de cerca de 25 minutos, terminou com um apelo direto “à
responsabilidade de todos” - cidadãos, empresários, políticos, meios de
comunicação, Governo e União Europeia.“Aos cidadãos da Catalunha,
que continuem a expressar-se como até agora, com total liberdade e
respeito pelos que pensam de forma diferente. Às empresas e agentes
económicos, peço que continuem a gerar riqueza. Às forças políticas, que
contribuam com as suas palavras e ações para diminuir a tensão, tal
como os meios de comunicação”, disse. Por fim, pediu ao Governo
espanhol “que escute”, se não às autoridades catalãs, então “aos que
fazem o apelo à mediação, à comunidade internacional e aos milhões de
cidadãos por toda a Espanha que pedem que renuncie à repressão e à
imposição”.Puigdemont pediu ainda à União Europeia que se “empenhe a fundo e que vele pelos seus valores fundacionais”. Mariano
Rajoy reiterou na segunda-feira que o executivo em Madrid "fará tudo o
que for preciso", com “mão firme e sem complexos” para impedir a
independência da Catalunha.