Publicadas em DR medidas excecionais para fazer face a incêndio no hospital de Ponta Delgada
5 de jun. de 2024, 11:09
— Lusa/AO Online
O
Hospital Divino Espírito Santo (HDES) em Ponta Delgada, na ilha de São
Miguel, sofreu um incêndio no dia 04 de maio, que o deixou sem atividade
e obrigou à transferência de todos os doentes que estavam internados
para outras unidades de saúde dos Açores, da Madeira e do continente.Depois
de aprovado, a 23 de maio, pelo Governo em Conselho de Ministro, hoje,
o decreto-lei 38/2024 foi publicado em Diário da República, entrando em
vigor na quinta-feira e irá vigorar pelo prazo de um ano.O
decreto-lei estabelece “medidas excecionais de contratação pública
aplicáveis aos procedimentos por ajuste direto destinados à formação de
contratos de empreitadas de obras públicas, fornecimento de bens e
aquisição de serviços relacionados com a situação de calamidade”
declarada pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 71/2024, de 05 de
junho.Segundo o documento, os
procedimentos de contratação pública adotados ao abrigo do presente
decreto-lei “são exclusivamente aplicáveis às intervenções necessárias
para dar resposta às medidas de reação diferida quanto aos prejuízos
ocorridos, bem como de reparação dos danos causados no edifício” do
HDES.O decreto-lei dá ainda conta do
reconhecimento da “situação de calamidade pública regional”, na Região
Autónoma dos Açores, “pelo período de um ano, renovável por períodos
adicionais de seis meses, enquanto a necessidade o justificar”, tendo em
conta o incêndio.Desta forma, o
reconhecimento da situação de calamidade nos Açores “permite a
celebração de contratos de empreitadas de obras públicas, contratos de
locação ou aquisição de bens móveis e contratos de aquisição de
serviços, com recurso ao procedimento pré-contratual do ajuste direto”.Nos
procedimentos de ajuste direto adotados “deve a entidade adjudicante,
sempre que possível, convidar pelo menos três entidades distintas para
apresentação de propostas”, lê-se no documento, salientando que estas
adjudicações feitas ao abrigo do regime excecional são comunicadas pelo
Governo Regional dos Açores “ao Ministério das Finanças e ao Ministério
da Administração Interna e publicitadas em sítio eletrónico próprio,
para garantir o cumprimento dos princípios da publicidade e
transparência da contratação”.Foi
igualmente publicado em Diário da República a resolução do Conselho de
Ministros (CM) que estabelece a “afetação extraordinária de meios
financeiros indispensáveis à reposição da normalidade na prestação de
cuidados de saúde” no HDES, em consequência dos danos causados pelo
incêndio.Nesta, consta que o Governo da
República “assume 85% das despesas causadas ou decorrentes do incêndio”,
com vista ao restabelecimento da normalidade assistencial e à
continuidade da prestação de cuidados de saúde à população açoriana.É
também estabelecida uma comissão de trabalho, que integre elementos do
Ministério das Finanças, do Ministério da Saúde e do Governo da Região
Autónoma dos Açores, com o objetivo de “identificar, no prazo de 20
dias, as despesas elegíveis para efeitos do apoio” e “avaliar e
monitorizar as despesas realizadas e, se necessário, complementar a
lista de despesas elegíveis”.De acordo com
a resolução do CM, é ainda determinada a celebração de
um protocolo de cooperação entre o Ministério da Saúde e a Secretaria
Regional da Saúde da Região Autónoma dos Açores, “com vista à
disponibilização de meios humanos, técnicos e infraestruturas, que
garanta a utilização do conhecimento e capacidade instalada no SNS, em
benefício dos doentes do Serviço Regional de Saúde, e à adoção das
melhores práticas assistenciais de saúde e de condições de trabalho
dignas para os profissionais de saúde”.O
incêndio na maior unidade de saúde dos Açores está em investigação, mas
terá tido origem num quadro elétrico, que, segundo a administração,
tinha as vistorias em dia.O Governo dos
Açores (PSD/CDS-PP/PPM) também já aprovou alterações ao
contrato-programa com o Hospital Divino Espírito Santo para acomodar os
prejuízos do incêndio, avaliados em 24 milhões de euros.