Psicólogos propõem restrições ao uso de telemóveis nas escolas dos Açores
25 de jul. de 2024, 16:08
— Lusa/AO Online
“Tempo para
utilizarem os ‘smartphones’, os alunos certamente terão em casa e
noutros espaços. No caso das escolas, a interação é fundamental, sem
tecnologias, sem nada”, insistiu o psicólogo açoriano durante uma
audição na comissão de Assuntos Sociais da Assembleia Regional, reunida
em Ponta Delgada.Os deputados ouviram a
Ordem dos Psicólogos, a propósito de uma proposta do Bloco de Esquerda,
que defende “a promoção do uso saudável de tecnologias nas escolas”,
nomeadamente a proibição do uso de telemóveis para os alunos do 1º e do
2º ciclo do ensino básico, como forma de minimizar a utilização
excessiva de ecrãs em idade escolar.O BE quer também garantir que todos os alunos da região possam ter acesso gratuito aos manuais em papel.Marco
Santos concorda com a introdução de restrições na utilização de
‘smartphones’ e ‘tablets’ nos estabelecimentos de ensino da região e
alerta mesmo para os riscos que as novas tecnologias podem trazer para
as crianças, que deixam de comunicar entre si e praticamente não fazem
exercício físico nos recreios, “por estarem sempre ao telemóvel”.“Utilizam
as tecnologias, podendo propiciar alguns momentos em que se constitua
como ‘cyberbullying’ ou, eventualmente, o muito característico ‘body
shaming’, que é utilizarem a ridicularização do corpo dos outros”,
advertiu o presidente da Secção dos Açores da Ordem dos Psicólogos,
lembrando que há vários países que estão já a “abandonar os manuais
digitais”, nomeadamente entre os alunos do 1º e 2º ciclos.Uma
ideia que é defendida também por José Freire, presidente da Associação
Desliga, criada nos Açores em 2022 para alertar para os riscos da
internet, sobretudo entre as crianças, que está preocupado não apenas
com a utilização excessiva de ‘smartphones’ em ambiente escolar, mas
também em ambiente familiar.“Estas
crianças não dormem! Chegam às escolas, completamente cheias de sono, às
08h30. Pegam na mochila, metem em cima da secretária e dormem! E a
gente deixa-as dormir…”, lamenta este professor, referindo-se àquilo que
costuma ver nas salas de aula, entre os alunos que passam demasiado
tempo nos telemóveis.José Freire entende
que, mais do que chamar a atenção dos alunos e dos professores para as
consequências negativas do uso desregulado da internet, é preciso também
advertir os pais e encarregados de educação.O
professor deixa ainda um alerta: “Nós estamos a matar os nossos miúdos,
devagarinho! Isto é uma droga, que está a matar tudo!”.