PSD reúne pela primeira vez Conselho Nacional saído do Congresso de fevereiro na 6.ª feira
24 de set. de 2020, 11:17
— Lusa/AO Online
A
primeira reunião do novo Conselho Nacional deveria ter acontecido logo
em março, mas a pandemia de covid-19 levou os sociais-democratas a
suspenderem todas os encontros presenciais até ao verão.Se
a direção do PSD definiu que só a partir de janeiro (e provavelmente
após as presidenciais) devem começar a ser discutidos e apresentados
candidatos às autárquicas do outono do próximo ano, alguns conselheiros
defendem que o tema deve já estar em cima da mesa.“É
importante que o partido comece a debater a questão autárquica e a
estimular os seus melhores quadros para protagonizarem candidaturas”,
defendeu Paulo Cunha, presidente da Câmara de Famalicão e que encabeçou a
segunda lista mais votada no último Conselho Nacional, depois da da
direção.O autarca, que foi um dos
principais apoiantes de Luís Montenegro na última disputa interna, não
irá a Olhão na sexta-feira por ser dia de Assembleia Municipal, mas
apelou a que todos os conselheiros nacionais deem os seus contributos
para que “o presidente do partido seja bem-sucedido nas suas escolhas”.“O
partido sempre teve, e felizmente tem, pessoas que foram governantes,
que são e foram deputados, que estão e foram autarcas, pessoas da
sociedade civil”, disse, apelando a que se escolham “os melhores”.Para
as duas maiores câmaras do país, Lisboa e Porto, Paulo Cunha diz que
gostaria de ver “figuras que se identifiquem com o PSD e tenham um
percurso ligado ao PSD”.“Confesso que acho
que o PSD deve ter uma candidatura própria a Lisboa, e não apoiar uma
candidatura liderada pelo CDS”, disse, questionado sobre a sugestão do
ex-ministro Poiares Maduro de uma candidatura conjunta encabeçada por
Paulo Portas.Já o líder da JSD, Alexandre
Poço, confirmou à Lusa que irá ao Conselho Nacional defender o apelo que
lançou numa carta aberta na quarta-feira aos presidentes do PSD, CDS-PP
e Iniciativa Liberal para um acordo de âmbito nacional do
centro-direita nas eleições autárquicas de 2021.O
conselheiro nacional e ex-líder da concelhia do Porto Hugo Neto também
irá a Olhão para defender que a reunião sirva como ponto de partida do
debate interno para o “enorme desafio” que o partido vai ter em 2021,
recordando que foi Rui Rio que disse que as autárquicas seriam as
eleições mais importantes para o PSD.Hugo
Neto escreveu à direção no final de julho a pedir a convocação urgente
de um Conselho Nacional, reiterando o pedido no início de setembro, e
avisou que o órgão máximo entre congressos não pode estar dez meses sem
se reunir.“A falta de debate interno leva
ao adormecimento do partido e isso não é nada positivo (…) Estamos a
cerca de um ano desse enorme desafio que exige a unidade do partido,
muito mais do que outras eleições”, alertou, considerando que “é muito
importante que as estruturas locais não se sintam ultrapassadas” no
processo.Na mesma lógica de promover o
debate interno, Hugo Neto - que apoiou Miguel Pinto Luz na disputa
interna e Montenegro na segunda volta - pede a realização de um
congresso extraordinário de revisão estatutária “logo depois das
presidenciais” e uma convenção autárquica para o verão.Antes
da análise da situação política - o último ponto da ordem de trabalhos
-, o Conselho Nacional tem na agenda a aprovação de contas do ano
passado e do orçamento para este ano, bem como duas alterações a
regulamentos internos que o secretário-geral do PSD, José Silvano,
classifica como de pormenor.Uma delas visa
fazer coincidir os prazos dos processos eleitorais internos com os
horários de funcionamento da sede (evitando que se fixem prazos para a
meia-noite, por exemplo) e outra para acrescentar, no regulamento de
disciplina, que constitui infração grave propor, requerer ou integrar
comissões de honra de listas de outros partidos (até aqui só se aplicava
a quem integrasse as listas efetivamente entregues em tribunal).Antes
do Conselho Nacional, decorrerá, como habitualmente, uma reunião da
Comissão Política Nacional, e o presidente do partido, Rui Rio, já disse
querer abordar o tema das presidenciais do início de 2021.Rui
Rio tem remetido a decisão sobre o apoio do PSD a Marcelo Rebelo de
Sousa para uma deliberação do Conselho Nacional a tomar depois de o
atual chefe de Estado esclarecer se se recandidata a Belém, mas
considerando essa “a opção natural” do partido.“Parece-me
evidente que, estando na Presidência da República alguém da fundação do
PSD, que foi líder do PSD, que é Presidente num momento em que
precisamos de estabilidade e quando olhamos aos outros candidatos que já
se perfilaram - designadamente André Ventura e Ana Gomes, que são
candidatos de muita rutura - penso que é aconselhável o país ponderar e
ter calma”, reiterou na segunda-feira, em entrevista à SIC-Notícias.