PSD quer ouvir ministra da Defesa sobre patrulhamento do mar dos Açores
19 de out. de 2022, 10:55
— Lusa/AO Online
Em causa
está um pedido da GNR à Frontex (Agência de Fronteiras Europeia) para
colocar uma aeronave para patrulhamentos do mar dos Açores, onde a sua
competência termina nas 12 milhas.De
acordo com o Diário de Noticias (DN), este pedido terá provocado
mal-estar na Marinha e na Força Aérea, que têm meios de vigilância nesse
território, mas não receberam qualquer pedido de apoio. O
requerimento dos sociais-democratas foi divulgado após a ministra da
Defesa ter defendido na terça-feira que se trata de uma missão policial e
que a GNR não foi além das suas competências ao pedir à Frontex para
patrulhar o mar dos Açores, afirmando que a missão foi planificada entre
as várias instituições competentes.O PSD
sustenta que na “utilização de uma aeronave da agência europeia Frontex
num espaço soberano, concretamente no mar dos Açores, onde estes dois
ramos desempenham diversas missões, não está a ser observado o princípio
da subsidiariedade, bem como fica em evidência a incapacidade do Estado
em assegurar, através de meios próprios, as suas obrigações do
exercício e defesa soberana deste espaço”.No
requerimento, endereçado ao presidente da comissão parlamentar de
Defesa Nacional, Marcos Perestrelo (PS), os deputados sociais-democratas
alegam que está igualmente em causa o “cumprimento dos compromissos
internacionais de vigilância e proteção das fronteiras, neste caso, da
União Europeia”.Os deputados do PSD expõem
no documento que já alertaram para “uma situação que revelou uma
semelhante falta de coordenação, ocorrida em agosto de 2022, em que a
Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos
cancelou um concurso público para o Fretamento de um Navio Patrulha
destinado a missões de controlo e inspeção da pesca, sem que o
Ministério da Defesa Nacional tivesse conhecimento”.Este
novo episódio, defendem, representa “mais um inequívoco sinal de
falência e total descoordenação em matérias de Segurança e Defesa de um
Governo que não se articula, neste caso em concreto, entre o Ministério
da Administração Interna e o Ministério da Defesa Nacional, expondo uma
imagem de debilidade de meios e incapacidade operacional própria perante
os parceiros europeus”.Helena Carreiras
afirmou na quarta-feira à margem de uma cerimónia oficial nas Caldas da
Rainha que se trata “de uma missão policial, complementar àquela que a
Força Aérea já vem desempenhando, de vigilância, e há o trabalho que
está em curso entre a Força Aérea e GNR, relativamente a uma
planificação destas missões”.Quando
questionada sobre se a GNR teria ido além das suas competências ao
solicitar o patrulhamento do mar dos Ações, Helena Carreiras respondeu
que “não”.A ministra lembrou que a Força
Aérea "tem vindo a desempenhar [essas missões], e há de continuar a
desempenhá-las”, sublinhando a importância de “trabalhar para a
cooperação e articulação entre as várias instituições que têm
competência nesta matéria da vigilância e da fiscalização”. “Os
recursos são sempre limitados e temos que utilizar todos aqueles que
estão à nossa disposição” disse a governante, incluindo nestes recursos
os disponibilizados pelas instituições europeias, como as missões da
Frontex.Segundo a ministra, entre o
Ministério da Defesa e o Ministério da Administração Interna "há uma
postura de enorme colaboração". A governante acrescentou que os dois
ministérios “têm estado em contacto desde sempre” e que tal continuará
“a todos os níveis" e incluindo as instituições tuteladas pelos dois
ministérios.