PSD quer intervenção do PR para isentar Segurança Social a empresários das Flores e do Corvo
31 de dez. de 2019, 08:38
— Lusa/AO Online
"A execução desta medida confirmará que a
solidariedade nacional, demonstrada imediatamente a seguir à passagem do
furacão Lorenzo, perdura até ao regresso à normalidade nas ilhas das
Flores e Corvo", afirma o deputado da Assembleia da República Paulo
Moniz, em carta aberta enviada a Marcelo Rebelo de Sousa a que a Lusa
teve acesso.A proposta surge devido à
destruição total do porto das Lajes das Flores na sequência passagem do
furacão Lorenzo pelos Açores em outubro, que colocou em risco o
abastecimento ao grupo ocidental do arquipélago, composto pelas ilhas
das Flores e do Corvo, esta última onde o chefe de Estado tem previsto
chegar hoje para a passagem de ano.O
deputado social-democrata assinala que em 14 de novembro questionou o
primeiro-ministro, o socialista António Costa, (através de pergunta
escrita) acerca da criação deste regime de isenção de Segurança Social
para os empresários daquelas ilhas. Apesar
de o regimento da Assembleia da República prever que o prazo de
resposta não deva exceder os 30 dias, Paulo Moniz refere que ainda não
obteve resposta do Governo. "Venho por
este meio solicitar a vossa excelência para que possa interceder na
reposição da justiça (…) face ao tratamento negativamente
discriminatório ora em apreço e numa questão que é fundamental para as
populações das ilhas das Flores e Corvo", lê-se na missiva enviada a
Marcelo Rebelo de Sousa. O deputado eleito
pelo círculo dos Açores destaca que a criação deste regime é de
"exclusiva competência do Governo da República", recordando que a medida
já foi adotada noutras circunstâncias, como aquando dos incêndios de
2017.No documento, Paulo Moniz realça a
"importância crucial" do porto das Lajes, assinalando que o
abastecimento às ilhas do grupo ocidental está a ser feito de "forma
precária e sem a regularidade absolutamente necessária", causando
"graves prejuízos" à economia local. "Esta
situação está já a causar graves prejuízos à economia local, visto que
as empresas aguardam várias semanas por mercadorias que já pagaram e os
bens perecíveis chegam muitas vezes a estas ilhas impróprios para
consumo", lê-se. O social-democrata frisa
que é "imperioso que as entidades públicas atuem", uma vez que estão em
causa "muitos postos de trabalho". "Estes
problemas põem seriamente em causa muitos postos de trabalho no setor
privado das ilhas das Flores e Corvo, que vão desde o comércio à
agricultura, passando pela construção civil e outras atividades",
aponta. Em 17 de Dezembro, o presidente da
Câmara do Corvo, José Manuel Silva, disse no parlamento açoriano que a
ilha tem sofrido "constrangimentos" devido às dificuldades de
abastecimento deixadas pela passagem do furacão Lorenzo, mas garantiu
que, até então, não existiam despedimentos a registar.Em
novembro, os empresários da ilha das Flores admitiram encerrar
estabelecimentos por falta de mercadorias, que têm chegado à ilha em
número reduzido, devido às limitações do porto.Os
prejuízos provocados pelo Lorenzo ascenderam a 330 milhões de euros,
190 milhões dos quais em resultado da destruição total do porto das
Lajes das Flores.O Governo da República
anunciou pouco depois o compromisso de assumir 85% do valor dos
prejuízos, ficando o restante a cargo do executivo dos Açores e da
comparticipação comunitária.O executivo
aprovou também um decreto-lei que estabeleceu medidas excecionais de
contratação pública por ajuste direto a propósito dos danos provocados
pela passagem do furacão.