PSD quer acesso gratuito a creches do setor privado já a partir de setembro
12 de set. de 2022, 13:06
— Lusa/AO Online
No
diploma entregue no parlamento, os sociais-democratas recordam que o
programa do Governo de gratuitidade das creches, que arrancou no início
do mês, começará por abranger as crianças nascidas depois de 01 de
setembro do ano passado e que frequentem estabelecimentos do setor
social e cooperativo. No entanto, alertam,
as vagas existentes no setor social e cooperativo “são manifestamente
insuficientes para as necessidades das famílias portuguesas e a
cobertura deste setor no continente deixa muitas crianças sem este
importante apoio”.“Apesar de o Governo já
ter reconhecido a necessidade de alargar a medida ao setor privado a
partir de janeiro de 2023, não indicou em que medida o vai assegurar,
nem em que condições dará resposta às famílias portuguesas que já hoje –
e não apenas em janeiro de 2023 – precisam de uma solução”, critica o
PSD.O partido considera que “não podem ser
razões de tesouraria que ditam esta decisão”, dizendo que “a Segurança
Social apresenta o maior volume de contribuições de sempre e o Governo
tem aumentado a receita, nomeadamente decorrente da inflação, muito para
além do que tinha previsto e orçamentado”.“É,
pois, tempo de rapidamente legislar no sentido de encontrar uma efetiva
solução para as famílias e para as suas crianças, uma vez que as
inscrições já estão a decorrer, e é preciso encontrar vagas em função
das necessidades, sem discriminar as crianças e sem deixar crianças para
trás. Esta medida deve ter efeitos a partir de 1 de setembro de 2022,
tal como está atualmente previsto para as crianças que preencham vagas
disponibilizadas no âmbito do sistema de cooperação”, defendem.No
projeto-lei, os sociais-democratas propõem assim que a gratuitidade da
frequência em creches, para as crianças já previstas na lei, “é alargada
às creches não integradas no sistema de cooperação do Instituto da
Segurança Social, I.P. (ISS, I.P.) desde que devidamente licenciadas por
este, e sempre que não exista vaga nas creches abrangidas pelo sistema
de cooperação”.A lei produziria efeitos a
partir do dia 1 de setembro, mas o pagamento relativo a estas crianças
que fossem inscritas no setor privado ao abrigo do programa apenas seria
pago às creches “após a entrada em vigor do Orçamento do Estado” do
próximo ano.Nestes casos, os pagamentos no
setor privado seriam, inicialmente, feitos pelos pais e tutores, a quem
as creches devolveriam o valor pago desde setembro “imediatamente após
receberem do ISS, I.P. esses valores”.O
PSD entregou também hoje na Assembleia da República um projeto de
resolução – sem força de lei – que recomenda ao Governo que faça um
levantamento e divulgue “o número de vagas em creche, dos setores da
economia social e solidária e privado, por nível etário e freguesia”.“A
taxa de cobertura das creches, tal como é feito na Carta Social,
demonstra ser insuficiente, sendo apenas, em 2020, de 48,8%, no
continente”, alertam.O plano do Governo de
gratuitidade das creches prevê o alargamento faseado do programa até
2024, quando todas as crianças dos três anos de creche estarão
abrangidas pela gratuitidade, independentemente dos rendimentos das
famílias.