PSD pede para ouvir Cravinho e tem 30 perguntas sobre a sua atuação na Defesa
16 de jan. de 2023, 11:47
— Lusa/AO Online
No
requerimento dirigido à Comissão de Defesa, a que a agência Lusa teve
acesso, os sociais-democratas fazem uma lista de 30 perguntas às quais
consideram que João Gomes Cravinho não deu resposta no debate de
urgência sobre este assunto em plenário, marcado pelo Chega, realizado
em 20 de dezembro.Além do ex-ministro da
Defesa e atual titular da pasta dos Negócios Estrangeiros, o PSD quer
ouvir o atual secretário de Estado da Defesa, Marco Capitão Ferreira.Segundo
o PSD, Gomes Cravinho deve esclarecer "quando é que teve conhecimento
de que as obras de reabilitação do antigo Hospital Militar de Belém
tinham custado o triplo do que estava inicialmente orçamentado" e, "se
não autorizou" esse aumento de despesa, "quem o fez".Várias
perguntas incidem sobre a auditoria da Inspeção-Geral da Defesa
Nacional, como "que motivos justificaram que a mesma tenha permanecido
por enviar à Procuradoria-Geral da República (PGR) durante 6 meses" e
"quais as razões para ter decidido manter a referida auditoria
classificada como confidencial, mesmo após a emissão de um parecer da
Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos (CADA)".O
PSD pergunta também a Gomes Cravinho "por que razão não foi determinada
a abertura de um processo disciplinar ao diretor-geral dos Recursos da
Defesa Nacional", Alberto Coelho – que em 2021 não foi reconduzido neste
cargo, mas foi depois nomeado para a administração da Empordef
Tecnologias de Informação (ETI), e que é um dos arguidos da operação
"Tempestade Perfeita".Os
sociais-democratas interrogam quais os motivos que levaram à nomeação de
Alberto Coelho para a administração ETI mesmo "face às dúvidas"
surgidas, e "que diligências mais tomou" o então ministro da Defesa
"relativamente ao futuro do antigo Hospital Militar de Belém".O atual ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, foi ministro da Defesa Nacional entre 2018 e 2022.A
operação designada "Tempestade Perfeita", de acordo com a Polícia
Judiciária, é "uma investigação criminal cujo objeto visa apurar da
eventual prática, entre o mais, de crimes de corrupção ativa e passiva,
peculato, participação económica em negócio, abuso de poder e
branqueamento, ilícitos relacionados com adjudicações efetuadas, por
parte de organismo da Administração Central, a diversas empresas, as
quais lesaram o Estado português em muitos milhares de euros". Em
causa estão gastos de cerca de 3,2 milhões de euros na empreitada para
reconverter o antigo Hospital Militar de Belém, em Lisboa, num centro de
apoio à covid-19, obra que tinha como orçamento inicial 750 mil euros.A derrapagem foi revelada por uma auditoria da Inspeção-Geral da Defesa Nacional (IGDN), que visou a atuação de Alberto Coelho.A operação levou a cinco detenções, incluindo de Alberto Coelho, e à constituição de um total de 19 arguidos.Depois
de sair da Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional, Alberto Coelho
presidiu ao conselho de administração da ETI (EMPORDEF - Tecnologias de
Informação, S.A) entre 08 de junho de 2021 e 31 de julho de 2022, antes
de pedir a aposentação, segundo informação divulgada por esta empresa à
Lusa.