PSD faz queixa a Comissária Europeia sobre condições indignas na cadeia de Ponta Delgada
27 de jul. de 2022, 12:08
— Lusa/AO Online
Segundo
um comunicado do gabinete de imprensa do PSD/Açores, a carta é dirigida
a Vera Jourová, Comissária Europeia com a área dos Direito Humanos e
refere-se “à privação da dignidade humana, do direito da igualdade de
género e da oportunidade de reabilitação imposta pela negligência do
Estado Português no Estabelecimento Prisional de Ponta Delgada”.“A
situação, preocupante e atentatória dos direitos humanos, já se
verifica há pelo menos 25 anos, e hoje, num estabelecimento insalubre,
desadequado e sobrelotado, vivem 166 reclusos, onde poderiam estar no
máximo 141, dividindo camaratas de dezenas de beliches, sem quaisquer
condições”, descreve o deputado eleito pelos Açores para a Assembleia da
República. O parlamentar aponta que os
reclusos da cadeia de Ponta Delgada têm "uma pena dupla, com a privação
da sua liberdade por condenação e a sobrevivência numa infraestrutura
que já não devia funcionar", apontando que, devido à "sobrelotação", o
estabelecimento "já não tem ala feminina"."Qualquer
mulher que seja condenada, sai automaticamente da ilha, sendo
distribuída conforme vaga existente na Terceira, em Lisboa e até na
Madeira”, relata.Até à entrada em
funcionamento da nova cadeia, o deputado do PSD pede que a Comissão
Europeia "acompanhe e garanta a tomada de verdadeiras medidas
mitigadoras, respeitadoras da dignidade humana dos reclusos e da sua
efetiva reintegração social”.“Trata-se de
um problema que está completamente esgotado e sem respostas concretas
que nos façam pensar que a sua urgência vai ser resolvida. É de vidas
humanas que estamos a falar”, vinca o parlamentar.Paulo Moniz espera ainda que a vice-presidente da Comissão Europeia visite o espaço, "com urgência e prioridade”.Por
outro lado, o deputado espera que a responsável possa “instar o Estado
Português a resolver com a máxima urgência" a construção da nova cadeia
de São Miguel, "mantendo o acompanhamento permanente da União Europeia
sobre aquele problema”.A 18 de julho o
deputado realizou uma visita à cadeia de Ponta Delgada, tendo-se
mostrado “chocado” com as condições do estabelecimento prisional e
criticou a “incompetência” do Governo pela “demora” na construção de um
novo estabelecimento.Em declarações aos
jornalistas, Paulo Moniz disse não compreender a “incompetência
governativa” do Governo da República, PS, que lançou um concurso “só
para o projeto” de construção da cadeia, que o tribunal considerou “que
estava ferido de ilegalidades e tinha de voltar tudo à estaca zero”.O
deputado eleito pelos Açores defendeu ser necessário “lançar um caderno
de encargos que não seja anulado, fazer um concurso que chegue ao fim e
iniciar a construção” de uma nova cadeia que sirva a maior ilha
açoriana.O Estabelecimento Prisional de
Ponta Delgada foi criado em 1975 num edifício cuja construção tem origem
nos finais do século XIX.O projeto do
novo Estabelecimento Prisional de Ponta Delgada foi apresentado em
novembro de 2018 pela então secretária de Estado Adjunta e da Justiça,
Helena Mesquita Ribeiro, como tendo capacidade para 400 reclusos.O
novo equipamento, a construir na Mata das Feiticeiras, no concelho de
Lagoa, num terreno cedido pelo Governo dos Açores ao Estado, deveria
substituir o atual Estabelecimento Prisional, localizado na cidade de
Ponta Delgada e com problemas de sobrelotação.A 08 junho, o Tribunal Central Administrativo do Sul determinou que o
Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça terá de aprovar
novo concurso para o projeto do Estabelecimento Prisional de Ponta
Delgada, segundo o acórdão a que a Lusa teve acesso.Na
sequência da decisão, o secretário de Estado Adjunto e da Justiça disse
ser necessário “trabalhar rapidamente para resolver o problema” do novo
Estabelecimento Prisional de Ponta Delgada.