PSD e PS procuram aliados após vitória laranja sem maioria absoluta
Eleições/Madeira
27 de mai. de 2024, 09:19
— Lusa/AO Online
Segundo
os resultados oficiais provisórios da noite eleitoral divulgados pela
Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna, o PSD elegeu 19
deputados (36,13%, 49.103 votos) e o CDS dois (3,96%, 5.384 votos),
quando no ano passado, em coligação, conseguiram, respetivamente, 20 e
três.Os dois partidos, que fizeram um
acordo após as eleições de 2019 – ano em que o PSD perdeu pela primeira
vez a maioria absoluta - governaram juntos o arquipélago desde então,
mas em 2023 os sociais-democratas assinaram um entendimento de
incidência parlamentar com a única eleita do PAN para que a coligação
pudesse contar com o apoio de 24 dos 47 deputados da Assembleia
Legislativa.O PAN manteve o lugar nas
eleições de domingo (com 1,86%, 2.531 votos), e também o PS (21,32%,
28.981 votos), o Chega (9,23%, 12.541 votos) e a IL (2,56%, 3.482 votos)
ficaram com o mesmo número de assentos – 11 , quatro e um.O
JPP, partido nascido na região e com origem num movimento autárquico
independente, aumentou o número de eleitos de cinco para nove, com
22.958 votos (16,89%).O BE e o PCP (neste
caso, através da coligação CDU, que inclui também o PEV) perderam a
representação parlamentar, mas prometeram continuar as suas lutas e a
trabalhar com a população. Na corrida estavam ainda mais cinco forças
políticas, que não conseguiram eleger: PTP, Livre, ADN, MPT e RIR.As
eleições antecipadas ocorreram oito meses após o mais recente sufrágio,
depois de o Presidente da República ter dissolvido o parlamento
madeirense, na sequência da crise política desencadeada em janeiro,
quando o líder do Governo Regional, Miguel Albuquerque, foi constituído
arguido num processo sobre alegada corrupção e pediu a demissão,
deixando o executivo em gestão.Depois de
uma votação com 46,60% de abstenção (de entre 254.522 eleitores
inscritos), o social-democrata diz-se agora disponível para negociar com
“todos os partidos com assento parlamentar”, excluindo o PS, e
assegurar um “governo com estabilidade”.“Os
resultados são fáceis de interpretar. Nós somos o partido que foi
escolhido pelo povo madeirense para governar”, afirmou, reforçando ser
necessário aprovar o Orçamento deste ano e um Programa do Governo até
julho.Contudo, não mencionou um partido em
concreto, nem indicou se pretende governar em minoria, negociar um
acordo de governo ou um acordo parlamentar.Do
lado do PS, Paulo Cafôfo tem outra interpretação dos resultados: apesar
de a direita ter conseguido a maioria dos assentos (PSD, Chega, CDS e
IL somam 26, a que se poderá juntar o do PAN), é possível, na sua
leitura, “uma mudança de governo” na região.O
PS e o JPP, juntos, têm 20 deputados, ficando a quatro da maioria
absoluta do parlamento, mas o líder regional socialista tem como
objetivo “construir um novo governo com estabilidade” e vai “encetar
contactos” com os partidos com representação parlamentar, excluindo
dessas conversas PSD e Chega.“Fora da
equação”, para o JPP, estão também o PSD e Albuquerque, conforme
assegurou o cabeça de lista do partido, Élvio Sousa, que remeteu
quaisquer outras conversas para segunda-feira.Um
Governo Regional sem Miguel Albuquerque é também uma das condições
impostas pelo Chega para apoiar o executivo social-democrata. Se o
presidente do PSD/Madeira ficar terá de “ter a coragem” para governar
sem maioria, segundo o líder regional do Chega, Miguel Castro. O CDS-PP já admitiu estar disponível para dialogar com todos os partidos, mas avisou que não voltará a integrar o executivo.Também
a IL reafirmou que não vai fazer acordos com ninguém, embora tenha
disponibilidade para negociar caso a caso, enquanto o PAN,
manifestando-se como “um partido de abertura, de diálogo, de
construção”, assegurou que não deixará “ninguém de parte” e pensará
“sempre naquilo que é o melhor” para a região.