PSD e coligação com mais câmaras, PS com mais votos
Autárquicas
13 de out. de 2025, 09:58
— Rui Jorge Cabral
Se existem eleições onde os resultados são os mais variados possível,
elas são seguramente as eleições autárquicas. E as de ontem nos Açores,
não foram exceção. Se o bem maior é ganhar o maior número de
câmaras e de juntas de freguesia, a coligação que lidera o Governo
Regional (PSD, CDS-PP e PPM), seja com o PSD sozinho ou coligado, venceu
mais câmaras e mais juntas de freguesia e contando com o apoio da
autarquia liderada pelo CDS, nas Velas, em São Jorge, deverá manter a
liderança da Associação de Municípios dos Açores. Contudo e tal como
já tinha acontecido em 2021, foi o PS, sozinho ou coligado, quem obteve
mais votos nas eleições autárquicas de ontem e quem conseguiu eleger
mais vereadores (53), embora esta situação se traduza, em termos
práticos, numa derrota eleitoral. Aliás, o PS sozinho ou coligado e o
PSD, sozinho ou coligado mais o CDS-PP obtiveram ambos pouco mais de 49
mil votos nas eleições autárquicas de ontem, com uma vantagem
tangencial para o PS. Mas quem também cresceu nas eleições de ontem
foram os movimentos de cidadãos que, no seu conjunto, ganharam uma
câmara (Santa Cruz das Flores), conseguiram um histórico segundo lugar
na votação da autarquia mais populosa dos Açores - Ponta Delgada -
conseguiram eleger no total oito vereadores e obtiveram mais de 8750
votos nas nove ilhas açorianas. Isto quando nas autárquicas de 2021,
os movimentos de cidadãos tinham obtido apenas perto de 2370 votos. Um
sinal claro do que pode vir a acontecer nas autárquicas de 2029. Mas
também o Chega obteve um resultado importante, embora longe do impacto
do resultado que obteve nas Legislativas, mas ainda assim conseguiu o
feito de eleger o seu líder regional, José Pacheco, como o primeiro
vereador do Chega nos Açores, em Ponta Delgada. E passou de pouco
mais de 1500 votos nas autárquicas açorianas em 2021 para mais de 9750
votos nas eleições de ontem, embora o facto de ter concorrido em todos
os municípios dos Açores tenha contribuído bastante para este resultado. Um caso paradigmático da nova realidade que se começa a desenhar
nas autarquias dos Açores foi o de Ponta Delgada: O PSD e Pedro
Nascimento Cabral renovaram a vitória obtida em 2021, mas o cenário da
vereação é agora bastante diferente: há quatro anos, houve uma maioria
absoluta do PSD, com cinco vereadores contra quatro do PS. Este ano, o
PSD elegeu apenas três vereadores, o mesmo número que o movimento cívico
independente ‘Ponta Delgada para Todos’, liderado por Sónia Nicolau,
tendo a coligação ‘Unidos por Ponta Delgada’, liderada pelo PS e por
Isabel Almeida Rodrigues, conseguido eleger dois vereadores e o Chega,
como já foi referido, elegeu um. Quer isto dizer que ao contrário do
que é normal nas câmaras açorianas, não há uma maioria absoluta na
vereação, obrigando o reeleito presidente, Pedro Nascimento Cabral, a
promover o diálogo com as forças da oposição para conseguir fazer passar
as suas políticas nas reuniões de câmara e até, eventualmente, a ter de
liderar a câmara entregando pelouros a vereadores da oposição, uma vez
que os anteriores cinco vereadores do PSD tinham todos funções
executivas e pelouros atribuídos na autarquia. Refira-se que o PSD
sozinho ou coligado venceu ontem nove câmaras municipais: Ponta Delgada
(Pedro Nascimento Cabral); Ribeira Grande (Jaime Vieira); Nordeste
(António Miguel Soares); Praia da Vitória (Vânia Ferreira); Santa Cruz
da Graciosa (António Reis); Calheta (António Viegas); Madalena (Catarina
Manito); São Roque do Pico (Luís Filipe Silva) e Horta (Carlos
Ferreira). Por seu lado, o PS venceu oito autarquias: Vila do Porto
(Bárbara Chaves); Lagoa (Frederico Sousa); Vila Franca do Campo (Graça
Melo); Povoação (Pedro Melo); Angra do Heroísmo (Fátima Amorim); Lajes
do Pico (Ana Brum); Lajes das Flores (BetoVasconcelos) e Corvo (Marco
Silva). O CDS-PP venceu a Câmara Municipal das Velas, com
Catarina Cabeceiras e o movimento de cidadãos liderado por Elisabete
Nóia venceu a Câmara Municipal de Santa Cruz das Flores.