PSD e CDS nos Açores defendem que parlamento regional devia ter sido ouvido
Eutanásia
14 de dez. de 2022, 19:02
— Lusa/AO Online
O assunto foi abordado no
plenário da Assembleia Legislativa Regional pelo deputado do CDS Rui
Martins, que considerou um “absoluto desrespeito” pelos órgãos da
autonomia regional que o parlamento dos Açores não tenha sido auscultado
sobre a matéria.Também João Bruto da Costa, líder parlamentar do PSD, defendeu que os deputados regionais “deviam ter sido ouvidos”.Já
no fim do período destinado a declarações políticas, Vasco Cordeiro, do
PS, questionou o presidente da Assembleia Legislativa, Luís Garcia,
sobre se algum partido entregou à mesa uma posição sobre o assunto ou se
foi ponderado acionar o mecanismo de pronuncia por iniciativa própria
daquele órgão.“Não ponderámos essa possibilidade, nem nenhum partido fez chegar à mesa qualquer posição”, respondeu Luís Garcia.Em
declarações à Rádio Renascença na segunda-feira, Luís Garcia reconheceu
que a Constituição não obriga a uma audição dos parlamentos regionais
sobre lei da eutanásia, mas lamentou que a Assembleia Legislativa dos
Açores não tenha sido ouvida.“Apesar de a
Constituição não clarificar as matérias sobre as quais há um efetivo
dever de audição das regiões autónomas, remetendo apenas para as
questões referentes às regiões, o nosso entendimento é que, atendendo à
sensibilidade da matéria e por se tratar de uma questão de saúde,
considero que a assembleia devia ter sido ouvida, lamentamos essa não
audição e consideramos mesmo um desrespeito pela assembleia
legislativa”, afirmou.Na sua declaração
política, Rui Martins, do CDS, disse que o partido se “revia na
interpretação da lei” feita pelo presidente do parlamento açoriano,
alertando para o facto de a legislação ter implicações ao nível do
Serviço Regional de Saúde (SRS), uma matéria em relação ao qual os
Açores têm autonomia.“Havendo uma alteração legal que terá implicações no funcionamento do SRS, é dever da República auscultar as regiões”, defendeu.António
Lima, do BE, disse que o BE não se sentia representado na insatisfação
manifestada pelo presidente da Assembleia sobre o facto de o parlamento
regional não ter sido ouvido.“A Assembleia
da República decidiu numa matéria que é da sua exclusiva
responsabilidade. E o processo, longo, teve o contributo do Presidente
da República, que promoveu, também nos Açores, debates sobre o tema”,
vincou.Paulo Estêvão, do PPM, defendeu que
devia ter sido realizado um referendo sobre o tema e admitiu estar a
transmitir uma “posição pessoal”, por ter sobre o tema uma “posição
diferente” da do outro elemento do PPM eleito no parlamento regional.A
Assembleia da República aprovou em 09 de dezembro a despenalização da
morte medicamente assistida em votação final global, pela terceira vez,
com votos da maioria da bancada do PS, IL, BE, e deputados únicos do PAN
e Livre e ainda seis parlamentares do PSD.Votaram contra os grupos parlamentares do Chega e do PCP. No total, estiveram presentes em plenário 210 deputados.O
decreto ainda tem que ser apreciado pelo Presidente da República,
Marcelo Rebelo de Sousa, que o pode promulgar, vetar ou pedir a
fiscalização preventiva do texto ao Tribunal Constitucional.