PSD e CDS acusados de “traição” a professores, Negrão responde que “não suporta o PS”
10 de mai. de 2019, 12:47
— Lusa/AO Online
Em declarações em plenário,
antes e depois da rejeição em votação final do diploma, BE, PCP e
Verdes acusaram o PSD e o CDS de terem recuado em relação às votações na
especialidade, com o PS a criticar sociais-democratas e
democratas-cristãos por terem tentado “enganar todos”.“Não
aprovámos as cláusulas da direita que servem apenas para enganar todos
ao mesmo tempo, dizendo a uns que pagam tudo e dizendo aos outros que
não custa nada”, criticou o socialista Porfírio Silva.Em
resposta às críticas dos partidos mais à esquerda, o líder parlamentar
do PSD, Fernando Negrão, afirmou: “Nós não suportamos o PS”, numa frase
que pode ter o duplo sentido de apoiar em termos parlamentares, mas
também de tolerar.Esta frase levou
Porfírio Silva a acusar Negrão fazer uma “proclamação de ódio” a outro
grupo parlamentar e acusou-o de não defender a sua bancada.“O
que é mais espantoso neste caso é que o senhor deputado Fernando Negrão
não saiba fazer respeitar a honra não só do seu grupo parlamentar, mas
deste parlamento. Como dizia o seu antecessor [Hugo Soares], Rui Rio
sempre que tem uma aflição culpa o grupo parlamentar, e o seu líder vem
aqui defender aqueles que o humilham”, criticou.Na sua declaração, Fernando Negrão considerou que a votação de hoje “fez cair a máscara ao primeiro-ministro”.“António
Costa, que governa com a geringonça, quer ser a toda pressa,
primeiro-ministro sem geringonça, revelando falta de sentido de Estado e
de responsabilidade”, acusou.Antes, a
vice-presidente da sua bancada Margarida Mano – que coordenou esta
matéria dos professores – procurou passar a ideia, sempre entre muitos
apartes das bancadas à sua esquerda, que o PSD sempre foi “um partido de
direitos e deveres”, não podendo aprovar uma recuperação do tempo
integral dos professores sem condições financeiras.“Estamos
aqui por responsabilidade exclusiva do PS”, disse, referindo-se ao
facto de o PS ter chumbado, juntamente com BE, PCP e Verdes, as normas
de salvaguarda que propunham e salientando que foram os socialistas quem
iniciaram o congelamento de carreiras.Pelo
BE, Joana Mortágua acusou PSD e CDS de terem feito “uma manobra de
campanha eleitoral” à custa dos professores, questionando também até
onde “será o PS capaz de ir na ambição desmedida pela maioria absoluta”.“O
PS fez chantagem e um ultimato à direita e PSD e CDS recuaram (…).
Assunção Cristas e Rui Rio sabiam exatamente o que estavam a votar, o
que não sabiam era que o Governo ia fazer chantagem”, afirmou.A
deputada do PCP Ana Mesquita fez questão de recordar declarações de
Margarida Mano no final da Comissão de Educação na semana passada, que
terá considerado que “o fundamental” tinha sido aprovado nessa reunião.“Não
podemos votar propostas que a pretexto de serem salvaguardas
financeiras e orçamentais o que fazem é anular a concretização da
contagem integral”, justificou a deputada comunista.Na
mesma linha, Heloísa Apolónia, pelo Partido Ecologista “Os Verdes”,
acusou igualmente Margarida Mano de tentar “fazer um apagão” do que
disse em Comissão.“Estava tudo assente, o
primeiro-ministro fez uma ameaça, uma chantagem (…) por estratégia
eleitoral e isso não é leal e correto. Qual foi a resposta do PSD e do
CDS? Virar o bico ao prego. É uma traição aos professores e aos outros
corpos especiais”, acusou.Porfírio Silva
voltou a centrar as críticas em Margarida Mano, dizendo que a
vice-presidente da bancada do PSD, no final da Comissão, se orgulhou de o
PSD ter tido “um papel fundamental”, depois de “uma concertação
telefónica permanente” com Rui Rio.“Entendemos
todos para que servem estas cláusulas, se Rui Rio fosse Governo seriam a
desculpa de mau pagador para desonrar o que votaram aqui. Sendo PS o
Governo, servirão para Rui Rio continuar a alimentar tensão laboral na
escola pública”, criticou, acrescentando que o PS “não alimenta
quimeras”. Pelo CDS, Ana Rita Bessa, que
coordenou o processo na Comissão de Educação, repetiu por diversas vezes
que “a proposta do CDS é conhecida há dois anos”.“A
rejeição da proposta do CDS é escolher entre duas irresponsabilidades: a
demagógica do BE e do PCP, que acham possível prometer tudo a todos, ou
a hipocrisia do PS, que sabendo que as carreiras como estão não são
sustentáveis, não teve coragem de negociar a sua revisão”, criticou,
salientando que os dois períodos de congelamento do tempo de serviço dos
professores foi determinado por governos socialistas liderados por José
Sócrates.