PSD diz que propostas do Chega na região não "ferem matriz social-democrata”
Açores/Eleições
9 de nov. de 2020, 11:47
— Lusa/AO Online
Em
comunicado, o órgão restrito da direção do PSD começa por “saudar
vivamente” José Manuel Bolieiro pela sua indigitação para presidente do
Governo Regional dos Açores.“O acordo de
governo PSD-CDS-PPM - uma nova Aliança Democrática - tem todo o nosso
apoio institucional e político. Ele materializa o fim de uma hegemonia
governativa socialista de 24 longos anos, que fica negativamente marcada
por tiques de autoritarismo e fenómenos de nepotismo”, refere o
partido.Já sobre o apoio do Chega a esta
solução - que tem sido alvo de críticas por parte de vários partidos,
sobretudo pelo PS -, a Comissão Permanente considera que os quatro
objetivos que o Chega defendeu, e de que deu conhecimento ao
Representante da República, para viabilizar o novo Governo Regional “em
nada ferem a matriz social-democrata do PSD”.“Propor
a redução do número de deputados regionais, criar um Gabinete Regional
de Luta Contra a Corrupção, reduzir a elevadíssima subsidiodependência
na Região e promover o aprofundamento da autonomia política no quadro do
Estatuto Político-Administrativo dos Açores e da Constituição da
República são quatro aspetos que um Governo liderado pelo PSD deve
naturalmente prosseguir na sua governação regional”, consideram os
sociais-democratas.“Mal fora que não o fizesse apenas porque o Chega também o defende”, acrescenta ainda o partido. No
comunicado, o PSD acusa a governação socialista nos açores de ter
“estagnado o desenvolvimento social e económico de muitos açorianos,
colocando-os nos piores níveis de pobreza, de sucesso educativo e de
acessibilidade aos cuidados de saúde”.“Dar
e aumentar rendimentos fruto do trabalho, reduzindo a necessidade de
subsídios e fiscalizando melhor a sua atribuição é, seguramente, um
objetivo social-democrata”, apontam.A
Comissão Permanente aponta igualmente que os objetivos consensualizados
entre o PSD-Açores e a Iniciativa Liberal devem ser prosseguidos pelo
futuro executivo regional, entre os quais se incluem a diminuição do
peso do Estado na sociedade e na economia, o combate à pobreza ou a
redução da dívida pública açoriana. “A
Comissão Permanente volta a afirmar que não há nenhum acordo nacional,
com o IL ou o Chega, assim como também não o há com os próprios partidos
que sustentam a coligação regional açoriana”, refere o texto.A
direção restrita do PSD, liderada por Rui Rio, insta José Manuel
Bolieiro a “prosseguir com força e convicção esta importante mudança
política na Região”.“A exemplo do que se
passa em Portugal continental, necessita de uma governação mais
competente, sem mentiras e mais virada para o futuro”, defendem os
sociais-democratas.José Manuel Bolieiro
foi indigitado no sábado presidente do Governo Regional pelo
representante da República para os Açores, Pedro Catarino.O
PS venceu as eleições legislativas regionais, no dia 25 de outubro, mas
perdeu a maioria absoluta, que detinha há 20 anos, elegendo 25
deputados.PSD, CDS-PP e PPM, que juntos
representavam 26 deputados, anunciaram esta semana um acordo de
governação, tendo alcançado acordos de incidência parlamentar com o
Chega e o Iniciativa Liberal (IL).Com o
apoio dos dois deputados do Chega e do deputado único do IL, a coligação
de direita soma 29 deputados na Assembleia Legislativa dos Açores, um
número suficiente para atingir a maioria absoluta.